Métodos e Técnicas de Investigação - extensivos       

 

 




Sumários



ano lectivo 2013/14


Apresentar Censos e modelos de análise.

 

Freq até agora

 

há muitas situações em que os “técnicos” acham que há violência doméstica e as vítimas não acham. E a pergunta é esta: quem decide e como se decide se há ou não violência doméstica?

 

aula 24 (23/5/2014)

 

aula 23 (23/5/2014)

 

aula 22 (16/5/2014) Explorar os Censos II

 

Continuação da aula anterior

 

aula 21 (16/5/2014) Explorar os Censos

 

Apresentação dos documentos e informações disponíveis no site dos Censos para informação e compreensão do que sejam as necessidades metodológicas dos inquéritos, sobre os dados recolhidos, sobre a evolução histórica da operação, sobre o acumular de experiências através de procvedimentos de ambito internacional. 

 

aula 20 (09/5/2014)

Continuou-se a discutir as respostas possíveis aos questionários apresentados aos estudantes.

 

aula 19 (09/5/2014)

preparação para o teste usando os testes disponibilizados para preparar o teste de sábado, foram discutidas as respostas possíveis e cada uma das perguntas.

 

aula 18 (02/5/2014)

Com base nas respostas dos estudantes e do seu entendimento sobre o que estava em causa com as perguntas houve oportunidade de discutir questões variadas, como o tratamento da veracidade das declarações dos informantes nos processos de investigação social, a noção de problema social comparada com a noção de problema sociológico, o que são factos sociais, o que é a objectividade, o que é ideologia, a noção de neutralidade axiológica, o preconceito e o estigma associados a processos cognitivos anti-científicos, o uso de argumentos de autoridade pelo senso comum. A necessidade de cada aluno assumir pontos de vista sociológicos próprios (e de respeitar os pontos de vista alheios, por muito estranhos ou chocantes que possam ser) para estabelecer teorias e hipóteses de trabalho, sob a quais os métodos podem ser aplicados

 

aula 17 (02/5/2014)

Resolução de um teste semelhante ao para avaliação.

 

exemplo de teste; teste e outra versão 2013

carta 1 e 2

 

aula 16 (04/4/2014)

Limitações das dimensões de análise sociológica e dos métodos extensivos associados  (Mouzelis e Lahire)

 

aula 15 (04/4/2014)

Dimensões de análise: modelos clássicos, estrutural funcionalistas e suas revisões. Aplicações práticas

 

aula 14 (28/3/2014)

Exemplificações com casos dos estudantes

Aplicações de modelos de análise a casos concretos, como violencia, corpos, estigmas.

Notas sobre a aula

 

aula 13 (28/3/2014)

Modelos de modelos de análise

O modelo positivista, os seu sucesso e as suas limitações. O modelo AGIL, os seus sucessos e limitações. As novas dimensões sociais propostas por Giddens para o capitalismo avançado, o seu fracasso e as suas limitações. A sociologia da instabilidade: uma proposta para conjungar os sucessos e minimizar as limitações.

 

aula 12 (21/3/2014)

Análise de resultados, estudo de respostas não válidas e noção de modelo de análise

Perante os resultados obtidos pela justaposição de dados recebidos e tratados sob a forma de frequências foi possível perceber a necessidade de validação da qualidade do registo, testando-a nas respostas não previstas e através do estudo das não respostas. O teste da qualidade dos dados também deve ser feito no mesmo processo.

Face aos erros e incongruências há que tomar decisões de correcção, voltando aos questionários, anulando registos sem qualidade, recuperando informação que seja possível, distribuindo não respostas de forma a não perturbar o equilíbrio dos dados.

No caso de haver uma amostra insuficiente, como foi o caso, os dados obtidos devem merecer um tratamento como hipóteses a considerar, sobretudo quando a consistência das respostas parece ser clara. Respostas sem tal consistência não podem deixar de ser ignoradas, o que não aconteceria se o trabalho de produção de amostragem e de recolha de dados tivesse sido afinado e mais rigoroso.

Voltando ao trabalho de grupo, para a avaliação final, está no tempo de construir um modelo de análise, conjugando de maneira lógica duas ou três características sociais que se tenha verificado serem importantes para o assunto a tratar, seja por razões da mobilização de senso comum, seja por haver estudos sociológicos já realizados que mostram haver pertinência no estudo dessas características.

 

 

aula 11 (21/3/2014)

Tratamento de registo de dados

O registo de inquéritos permite verificar se o modo de o planear através da estrutura de dados prevista está correcto ou precisa de ser alterado: a) se toda a informação recolhida pode ser registada adequadamente; b) se os registos são capazes de receber a informação mais desagregada; c) a agregação de informação far-se-á posteriormente em variáveis compostas distintas das originais (para evitar a perda de informação) usando o recode do SPSS, por exemplo.

A validação de dados deve ser completada pela apreciação do registo a) dos brancos e zeros b) de erros de digitação. Isso pode ser feito trabalhando a matriz e as frequências absolutas. Em caso de erro, esse poderá ser encontrado cruzando esse erro com o número do questionário.

A análise dos dados deve ter em conta as circunstâncias e o significado da produção do questionário e o efeito de corresponder positivamente aos desejos dos inquiridores que se apodera dos inquiridos. Os dados, por outro lado, representam não a realidade a que as perguntas e respostas se referem mas antes às opiniões expressas por cada inquirido no contexto do questionário sobre os assuntos que lhes parece que estão a ser expostos. Os inquéritos. mesmo com todos os defeitos daqueles que já fizémos, têm grandes virtualidades, entre as quais a de não serem meras opiniões de sociólogos. Mas devem ser tidas em conta as circunstâncias e o valor “virtual” (de conversa sem consequências práticas) da intervenção dos inquiridos e dos inquiridores.  

 

 

aula 10 (14/3/2014)

a complexidade e integração dos métodos de inquérito

Foi apresentado e explorado o site do Censos. Mostrou-se a complexidade do planeamento, em particular a integração de 4 tipos de questionários numa única operação, o plano de tabulações, a utilidade da clarificação dos conceitos para a produção e a interpretação dos dados, o conflito entre a diacronia da vida e a sincronia da operação censitária (e de qualquer questionário), mencionou-se o modo e o sentido da produção de amostras, assim como a durabilidade da amostra-mãe. Discutiu-se a importância dos meta dados e a evolução dos conceitos para manter a comparabilidade das séries e para se adaptarem às novas realidades práticas (por exemplo, pessoas a viverem sós) e ideológicas (por exemplo, o fim das referências ao chefe de família).

 

aula 09 (14/3/2014)

a acção de contacto com o inquirido

Foi discutida a experiência de entrevistas testadas pelas estudantes na semana anterior. Mostrou-se a importância das regras de abordagem aos inquiridos, seja do ponto de vista de melhor as possibilidades de colaboração, do ponto de vista da disposição para corresponder ao sentido geral do trabalho de inquirição, seja no sentido de homogeneizar quanto possível o ambiente em que os inquiridos são abordados. Mostrou-se também a relação desigual entre entrevistados e entrevistadores, e as diferentes estratégias - auto ou hétero preenchimento, apoio sem intervenção, resposta imediata ou diferida - e as vantagens e desvantagens, do ponto de vista da qualidade dos dados e dos custos da operação. Apreciou-se brevemente a relevância da qualidade das perguntas e do desenho do inquérito - em termos de volume e de aspecto gráfico. Foram dados exemplos de estratégias complexas de integração de vários tipos de questionamento numa única acção de inquérito, concretamente no caso do PISA (educação).

 

aula 08 (28/2/2014)

sistematização de algumas noções técnicas

Descrição e análise dos requisitos para o primeiro relatório de avaliação periódica. Descrição das principais fases do trabalho de inquérito e respectivas diferenças a nível de objectivos, finalidades e modos de trabalho. Limites das classificações dicotómicas: extensivo/intensivo; qualitativo/quantitativo; de caso/comparativo. Breve apresentação das articulações entre conceitos, dimensões e indicadores.

 

aula 07 (28/2/2014)

finalização de instrumento de notação de um questionário

Recolha das sugestões de alterações ao estado do questionário. Discussão de

problemas relativos ao vocabulário utilizado. Fixação da ordem das perguntas e de uma forma de questionário. Descrição de tipos de perguntas e filtros através da análise de questionários. Demonstração da utilização de um sistema de produção de inquéritos por via da internet. Organização de um teste do questionário por todos e cada um dos alunos.

 

aula 06 17 (21/2/2014)

Produzir perguntas para um questionário

Apresentaram-se e discutiram-se diversas perguntas que se poderiam introduzir no questionário teste, sobretudo as ligadas à pena de morte. Ponderaram-se vários parâmetros de avaliação da qualidade das perguntas, nomeadamente clareza, coercividade junto do público, abertura a respostas não previstas, custos de mais perguntas, lógica implícita na sequência das perguntas, influência das perguntas na disposição de responder dos inquiridos.

Fizeram-se sugestões de perguntas. O inquérito conforme ficou na aula servirá de base para as tarefas da semana.

 

aula 05 17 (21/2/2014)

Efeitos de contexto nos resultados dos inquéritos

O que se aprendeu com a experiência da aula anterior (que as pessoas são influenciadas pelo ambiente - autoridade, comunicação social, senso comum; que os presos, e outros grupos minoritários, são vistos pelo senso comum como menos que as outras pessoas e culpados do que lhes acontece; quando são olhados como apenas vítimas, conforme a informação disponível, as empatias e as noções podem mudar praticamente instantaneamente; é preciso saber interpretar os resultados em função do meio social ambiente - incluindo, portanto, teoria; tomar posição sobre os assuntos não é, necessariamente, menos objectivo do que “distanciar-se” da tomada de posição, sobretudo quando isso significar desconhecimento ou utilização de dogmas preconcebidos em vez de teorias a testar; o devido distanciamento científico tem a ver com a actualidade do debate teórico em curso ou já previamente produzido noutras épocas que informa a problematização que produz as perguntas do questionário e orientará a interpretação dos dados a recolher).

 

Os métodos e as técnicas devem ser treinados e compreendidos em função dos interesses científicos e profissionais de cada um. Para o efeito é conveniente tomar uma posição perante as oportunidades de vida profissional, isto é, qual seja o sentido da acumulação de experiências curriculares que cada um vai escolher. Por exemplo: seguir sociologia e ser sociólogo, ou partir da sociologia para experiências profissionais fora do campo directamente sociológico, como jornalismo, economia, publicidade, internet, saúde, etc. Os inquéritos ou métodos extensivos são usados em todas estas áreas, mas de maneiras a corresponder a diferentes necessidades e, portanto, sujeitos a modos de utilização específicos.

 

aula 04 17 (14/2/2014)

Valor de infirmação dos questionário

Foi mostrado um vídeo de um ataque a um preso numa prisão

http://www.youtube.com/watch?v=TyrEtAKM3qs, incluindo a explicação pública oferecida pela direcção-geral dos serviços prisionais,

e organizou-se uma experiência improvisada de inquérito sobre que papel preferia cada aluno desenvolver numa hipotéctica dramatização daquela cena.

Cada estudante escrevia o número correspondente ao personagem que preferira representar em caso de dramatização.

1ª tiragem

Personagem

2ª tiragem

5

1. Preso

7

5

2. Chefe da guarda

2

2

3. Guarda atirador

2

3

4. Enfermeiro

4

2

5. Resto dos guardas

2

A hipótese lançada por um estudante de que ninguém iria escolher ser o prisioneiro mostrou-se inválida na primeira tiragem. Os inquéritos servem para isto mesmo: perante uma hipótese, revelar a sua inviabilidade científica, isto é, a sua não correspondência com a realidade. Para isso bastou um pequeno questionário, sem grande formalidade nem qualidade técnica para recusar a ideia de que as pessoas preferem assumir papeis de não sofrimento. Uma aluno revelou querer com essa escolha manifestar a sua solidariedade a uma vítima. Mas a generalidade de quem votou preferiu não dizer nada. Seja porque não pensou demasiado no que estava a fazer, seja por ter algum tipo de dificuldade em assumir publicamente uma posição tomada no segredo do voto por escrito (a recolha de respostas deu-se forma anónima e escrita: nenhum dos estudantes nem o professor ficou a saber quem respondeu o quê). Seria certamente diferente se cada um tivesse de expressar publicamente a sua escolha (como já mostraram experiências anteriores, descritas em dados da experiência com as turmas.

Depois de o docente contar a história do preso alvo da taser, numa perspectiva do preso, voltou a aplicar-se o questionário. Na 2ª tiragem obtiveram-se resultados significativamente diferentes. Pelo que, se pode concluir, as pessoas responderão às mesmas perguntas de forma distinta consoante a informação e as emoções que as ligam aos assuntos em causa. Além da compreensão e entendimento das pessoas sobre os temas perguntados, há ainda que contar com os efeitos dos contextos em que os inquéritos são realizados e a instabilidade natural que os assuntos, o tempo que passa (a história, a maturidade, as experiências vividas) e as emoções provocam nas pessoas.

 

aula 03 17 (14/2/2014)

Teste dos questionários

Uma aluna deu conta do teste que fez ao questionário proposto na aula anterior. Verificou-se que há expressões difíceis de compreender pelo comum das pessoas, como por exemplo o significado e o sentido de Direitos Humanos. O que torna o trabalho de responder mais difícil de corresponder à consciência dos inquiridos. Verificou-se como o fechamento da resposta e a métrica abstracta das escalas de Likert utilizadas conduzem o inquirido a um mundo que lhe é imposto e não ao mundo que é o seu. Verificou-se que muitas das perguntas (metade, para ser exacto) mantinham ambiguidades que permitiam diferentes pessoas entenderem referências a coisas diferentes, com implicação nas respostas.   

Foram apresentadas pelos estudantes propostas de novas perguntas para o questionário. Referiu-se a vantagem de dividir temas complexos em perguntas simples, para melhor afinar o sentido das respostas obtidas e diminuir a ambiguidade das perguntas. Os alunos ficaram de apresentar na próxima aula propostas de perguntas novas a incluir no questionário em substituição das abandonadas. Ficaram também de as testar, para se assegurarem da compreensibilidade das mesmas perante o público.

Notou-se como a ordem das perguntas não é arbitrária. Embora seja difícil, à partida, saber qual o efeito prático que cada ordem de perguntas possa vir a ter nos resultados finais (e ser pouco económico testar as diferentes combinações de ordens, por via dos custos associados). Ter-se-á de fixar umaa ordem usando a lógica. 

 

aula 02 22 (07/2/2014)

Apresentação da avaliação

Passou-se em revista o conteúdo do site (http://mtis1.ds.iscte.pt) e a sua utilidade. Explicou-se o sentido e a lógica do modo de avaliação vigente. Explicou-se que o decurso do curso teria duas etapas: a) realização super rápida de um questionário ("Aplicação de penas"), depois de algumas alterações que se venham a fazer, com o objectivo dos estudantes ficarem com uma ideia das diferentes fases do processo; b) preparação do projecto de questionário para a realização do trabalho de grupo final.

Apresentou-se o questionário a usar para o trabalho de conjunto de toda a turma. Organizou-se um debate de tematização das prisões, chamando a atenção das diferenças entre senso comum e conhecimentos científicos. Para as tarefas da semana deixou-se algum trabalho de concepção.

aula 01 22 (07/2/2014)

Apresentação da UC

O que é um inquérito? A arte de fazer perguntas e obter boas respostas por um lado é trivial, mas por outro lado é resultado de experiência acumulada (nos institutos de estatística, nas conferências internacionais, nas empresas que fazem inquéritos e sondagens, nos centros de investigação social).

A realização de inquéritos conhece, grosso modo, três fases de trabalho: a concepção (sobre que assunto e em que sentido e perspectiva se vão organizar as perguntas); a realização do trabalho de campo (escolha da população, medida do universo e da amostra; produção do instrumento de notação; organização do trabalho de campo); a análise de dados e interpretação de resultados (registo de dados, aplicação de estatística e produção de relatório).

O estudo da maneira mais económica de realizar inquéritos é parte importante do problema dos métodos e técnicas extensivos.

Não se conseguem evitar muitos erros, mas mesmo assim vale a pena realizar inquéritos. São mais superficiais dos que outros métodos (intensivos) mas permitem considerar directamente grandes quantidades de pessoas, associadas entre si sob a forma de população.

Reduzir um tema (como as prisões, de que se falou na aula) a um problema simples é complicado. Antes de o fazer, é necessário um trabalho de conceptualização e opções sobre como se vai – desta vez – tratar do assunto, ignorando muitas outras formas de o tratar que não vão poder ser tratadas.


ano lectivo 2012/13


aula 24 13 (24/5/2013)

Teoria e método, escalas de atitude, apresentados por alunos.

aula 23 14 (24/5/2013)

Avaliação do curso: o lugar da sociologia na vida do sociólogo e o lugar dos métodos no trabalho sociológico.

Num quadro de profunda e prolongada transformação das condições sociais, desde logo ao nível da empregabilidade dos licenciados, haverá oportunidade de transformações importantes na ciência e na profissão. A separação e o distanciamento entre teorias e métodos nas escolas de sociologia poderão vir a ser tratados, na medida em que se sente actualmente a dificuldade de estudar métodos sem discutir as teorias sem os quais os métodos não fazem sentido.

Pelo que, do mesmo modo que a sociedade se voltou a questionar sobre as causas dos problemas actuais, na revolução do 25 de Abril ou na entrada para a CEE ou na corrupção ou na falta de produtividade nacional, também a sociologia deverá ser levada a tratar dos seus assuntos, nomeadamente porque razão o positivismo, o biologismo, o estrutural-funcionalismo se tornarem de bestiais em bestas, como se diz em futebolês, cf. Nicos Mouzelis (1995) Sociological Theory: What Went Wrong? – diagnosis and remedies, London, Routledge. E de que modo a sociologia poderá reagir. Talvez gritando, como sugere John Holloway (2003) Change the World Without Taking Power - The Meaning of Revolution Today, Pluto Press.

aula 22 7 (17/5/2013)

o que é a objectividade?

A objectividade é uma qualidade positiva da construção de um objecto científico - uma efectiva correspondência entre um conceito e a realidade para a qual ele foi concebido mais as realidades para as quais o mesmo conceito se poderá ajustar.

A objectividade não é um distanciamento emocional alheio à empatia necessária à compreensão dos outros e das respectivas condições sociais de existência; não é uma neutralidade moral perante o desenvolvimento ou a discriminação ou os maus tratos; também não é uma qualidade dos investigadores ou dos profissionais mas antes da comunidade científica de que possam fazer parte e, por isso, desenvolve os seus próprios mecanismos de validar e aplicar os critérios de avaliação da objectividade (por exemplo, através do reconhecimento do valor relativo das diferentes revistas científicas ou dos certificados de habilitações em sociologia, e de outras formas).

É por isso que há uma ideia generalizada de haver uma maior objectividade nos métodos quantitativos do que nos métodos qualitativos, embora isso não corresponda a outra coisa que não sejam preconceitos sobre o valor mágico dos números e da matemática e das fórmulas escritas em notação matemática. Da mesma forma que Newton praticava alquimia, também ainda hoje no próprio seio da ciência os preceitos não científicos fazem as suas aparições.

A objectividade será tanto maior quanto maior for a adequação da teoria ao método e de ambas ao objecto de estudo e deste à experiência de vida dos sociólogos e das outras pessoas. A crítica mais radical que se pode fazer a uma proposição sociológica é dizer, simplesmente, que isso não existe, como alguns sociólogos dizem da própria sociedade. Nesse caso não há possibilidade de se realizar qualquer erro científico, qualquer tentativa de fazer ciência, por ausência de um dos seus factores essenciais: a crença da existência de uma realidade para lá dos sentidos.

Sabe-se hoje que aquilo que somos capazes de imaginar que fazemos tem efeitos práticos em nós, mesmo que não executamos de facto tais actos. Por exemplo: se imaginamos estar a viver um momento de felicidade (sonhando ou sonhando acordado) o nosso corpo produz substâncias químicas de prazer e dor como se estivéssemos a viver aquele momento de forma activa. A um nível mais profundo, os nossos hábitos implicam com os nossos genes, podendo alterá-los, transformando em inacto aquilo que não era anteriormente. Sabemos também que ocorre sermos insensíveis a estímulos sensoriais que são captados pelos sentidos mas censurados pelo cérebro (incapaz de ter tudo em conta ao mesmo tempo).

Porém, nada disso implica que aquilo que os nossos sentidos captam da realidade que nos é exterior não seja independente da nossa imaginação. O que é preciso é muita atenção e esforço para definir bem o que possa ser esse exterior (através da ajuda de conceitos e sua operacionalização) e proceder a medidas sistemáticas de forma a confirmar aparências que podem estar a iludir-nos (através de métodos dos mais variados tipos).

aula 21 11 (17/5/2013)

O que é a objectividade?

É preciso ultrapassar obstáculos epistemológicos. É preciso distanciarmo-nos do nosso objecto. É preciso sermos neutros. Diz-se vulgarmente. Mas o que significa isso?

Há métodos mais objectivos que outros? Há processos que resultam mais objectivos que outros. Depende do modo como os conceitos, as perguntas de partida e os dados são trabalhados e do modo como alguém com autoridade suficiente os avalia.

A observação participante aproxima muito o investigador do seu objecto de estudo, mas nem por isso deixa de poder ser considerada objectiva. Os inquéritos, por seu lado, mesmo do ponto de vista da avaliação estatística, quando esta pode ser aplicada, têm níveis de erro que podem ser determinados, mas não eliminados.

As ciências naturais são mais objectivas? Sim, porque se organizam de uma forma mais propícia a assegurar processos de avaliação e auto-avaliação intensos - como os proporcionados por largas equipes de investigadores espalhadas pelo mundo e por muitas universidades. O que na ciências sociais não se pratica (embora Parsons tenha procurado avançar nessa direcção).

Mas também as ciências naturais têm os seus problemas de objectividade e com os conceitos preconcebidos. Como o mostra António Damásio na neuro-biologia.

Também a sociologia precisa de saber o que seja a sociedade e não é claro que haja consenso a esse respeito. Será que a sociedade existe? Há quem diga que não existe. Se a sociedade, então, for apenas uma ideia, qual pode ser o critério de objectividade a utilizar?

A objectividade deve medir a qualidade do foco construído pelo sociólogo através do qual ele vai observar a realidade (seja ela a sociedade virtual ou os efeitos a que os sociólogos chamam sociedade a partir da produção de dados). Sendo que os critérios para a medir estão tão firmados quanto o estão as teorias sociais, muito diversas.

aula 20 11 (10/5/2013)

Trabalho, ocupação, emprego são noções que tratam de assuntos diferentes. Trabalho relaciona uma pessoa ou as pessoas com a natureza, de forma espontânea ou organizada, de maneira directa ou mediada por máquinas. Ocupação refere-se ao tempo. Que tipo de actividade se desenrola de forma regular ao longo da vida geralmente durante o mesmo período do dia. Emprego refere-se a uma relação de compra de força de trabalho por parte de um empregador, a que se espera que corresponda alguma forma de trabalho.

A sobrevivência das pessoas e da espécie, bem como da Terra, reclama trabalho, mas não reclama emprego. A existência das pessoas implica algum tipo de ocupação, mas pode não ser a trabalhar e muito menos um emprego. Se assim fosse o risco de morte dos desempregados ainda seria maior do que é.

O emprego é uma característica da sociedade em que vivemos, depois de ter sido forçada a aceitar por parte dos que não tinham recursos de rendimento para sobreviver. Agora que há uma falta sistémica de empregos - e, ao contrário da banca, não há políticas de resgate dos empregos em curso - mais pessoas terão de sobreviver sem empregos. Vivendo com rendimentos de outras origens, como subsídios, rendimento mínimo garantido, apoios da família, etc.

Uma variável (emprego) desdobra-se portanto em múltiplos problemas (identidade e redes de sociabilidade) e também modalidades (empregadores, trabalhadores por conta própria, trabalhadores por conta de outrem, cooperantes, etc.). Um questionário poderá abordar alguns destes problemas sociológicos e desdobrá-los em perguntas úteis, visando atingir uma população homogénea (só empregadores, por exemplo) ou não.

aula 19 11 (10/5/2013)

A problematização é uma tarefa indispensável para poder escolher o método e organizar a prática metodológica. Essa é a primeira das tarefas a cumprir, embora na forma como o curso decorreu seja esta a oportunidade de falar disso.

Se tomarmos por tema ou problema social o emprego (ou desemprego, como também poderia ser a pobreza) há que o transformar em problema sociológico. O problema social é p o problema sentido pelas pessoas comuns. O problema sociológico é um problema formulado entre os sociólogos e para sociólogos, com o fito de fazer ciência e aumentar os conhecimentos sobre como funciona e o que é a sociedade.

O emprego (como o desemprego) evolui com a história. Nas sociedades pré-modernas não havia empregos: havia ocupações (em geral camponesas, mas também artesanais, artísticas, guerreiras, religiosos, etc.). Para empregar pessoas foi uma luta, porque as pessoas disponíveis - os camponeses desocupados por terem sido expulsos dos campos (um pouco como hoje os desempregados estão a ser excluídos da vida moderna) não gostavam de trabalhar nas cidades e só o faziam obrigados. Na verdade os vagabundos e outros sem eira nem beira eram presos em casa de pobres e expostos à saída para os trabalhos das fábricas. Muitos deles mal recebiam um primeiro salário simplesmente deixavam de aparecer para trabalhar. Ter pessoal ao serviço era muito complicado. Na verdade nunca deixou de ser complicado. Mas em breve foi incorporado nos trabalhadores a ética do trabalho, a valorização do trabalho e do emprego, a ponto de actualmente a identidade de cada um residir, em grande medida, na identidade social emprestada pelo acolhimento de uma profissão ou empresa a um seu empregado. Os casamentos e os filhos referem-se aos empregos dos seus familiares como uma forma de orgulho ou vergonha da respectiva respeitabilidade social, dependente do prestígio do emprego mais do que do conhecimento que se tenha do carácter das pessoas em causa.

A identidade social ou as redes de sociabilidade são dois conceitos sociológicos que podem ser procurados em leituras preliminares para se poder construir uma problematização e escolher e especificar os conceitos a mobilizar para um estudo, cujo objectivo é o conhecimento mas que, quem sabe?, nop fim pode ajudar a entender melhor e ajudar a fazer evoluir o problema social original.

aula 18 12 (3/5/2013)

Apresentações de trabalhos individuais e referência à necessidade da teoria social para estabelecer o que fazer aos temas e problemas sociais escolhidos para alvo das atenções dos grupos.

Face ao problema do desemprego, escolhido por 3 dos 5 grupos de trabalho, foram tomadas as referências clássicas das teorias de  Marx, Durkheim e Max Weber para notar como os problemas sociológicos colocados por cada teorização são muito diversos: os processos de proletarização, como forma de exploração e acumulação de riqueza na posse de uma classe cada vez mais pequena e isolada e à custa de trabalho embrutecido e alheado da produção social (trabalho especializado); a consciência colectiva que solidariza diferentes sectores da economia dentro de si, sob a forma de cooperação no trabalho diferenciado; o espírito do capitalismo de inspiração religiosa mas com consequências económicas e culturais posteriores, a somar à evolução tecnológica e à burocratização administrativa:  eis 3 perspectivas clássicas sobre o desenvolvimento e, portanto, também o emprego e o desemprego. Exército proletário de reserva; profissionais desocupados por sector de actividade; funcionários, empregadores, trabalhadores a concorrerem em mercados de trabalho diferentes.

Cada uma destas perspectivas, muito ricas de diferentes facetas do respectivo entendimento do que seja a sociedade (luta de classes; consciência moral; teia de relações sociais), orientam as problematizações sociais possíveis de imaginar a propósito de cada problemas social em direcções muito diferentes e incompatíveis entre si. Cada grupo terá de escolher a sua própria perspectiva e os conceitos principais associados. Só depois poderá começar o trabalho de operacionalização.  

aula 17 14 (3/5/2013)

trabalhos dos grupos comentado pelo professor, um a um

aula 16 9 (26/4/2013)

Introdução à questão da objectividade: a proximidade ou distanciamento dos objectos de estudo é uma opção do investigador e não um dogma a respeitar por qualquer razão.

Na verdade a ruptura com o senso comum proposta inicialmente por Durkheim significa a criação e a exploração de polissémico associado a todas as palavras de forma científica, e não exotérica. Isto é: as palavras devem ser associadas a sentidos precisos e estabilizados durante o trabalho científico, por contraponto aos usos mágicos das palavras típicos de outras formas de cultura. O que significa existir a necessidade prática e epistémica de elaborar de forma precisa sobre o que se quer mencionar em vez de deixar à interpretação do leitor o sentido que este queira adoptar das palavras utilizadas.

Neste sentido, pode dizer-se, ao contrário da vulgata, ser mais profícuo uma proximidade familiar com o objecto de estudo empírico e um distanciamento crítico perante as teorias existentes, sobretudo as mais explicativas, como forma de abrir as oportunidades de clarificação dos conceitos e dos fenómenos que são o essencial da actividade científica.

A recomendação do distanciamento perante o estudo é correcta se interpretada como a necessidade-vantagem de desinvestimento emocional do investigador dos resultados da investigação, pois essa é a condição de aumento das possibilidades de êxito do processo de criação de conhecimento novo. Se o distanciamento significar ignorância dos factos - por exemplo, mediados através de inquéritos pré-fabricados com base em conhecimentos produzidos anteriormente por pesquisas exploratórias - reduzidos à sua expressão estilizada por perguntas condicionadas à nossa própria ignorância, então tal distanciamento já não é recomendável.

Portanto: o empenho do investigador num tema depende em grande medida do seu envolvimento emocional com os problemas associados, nomeadamente os problemas sociais e morais. Exercitar o distanciamento neste aspecto é positivo mas não deve ser levado ao extremo de extinguir o empenho do sociólogo. A familiaridade com o objecto de estudo, por outro lado, significa que se dispõe de muita informação susceptível de enriquecer a problematização e o realismo da pesquisa. Na condição de se deixar espaço mental e emocional para questionar as convicções e certezas, tantas vezes unilaterais e falsas, com que todos nós nos habituamos a interpretar a realidade mais próxima.

aula 15 11 (26/4/2013)

Apresentação e discussão sobre trabalhos individuais sobre etapas de pesquisa segundo Quivy e Campenhoudt e valor dos inquéritos segundo Virgínia Ferreira.

aula 14 12 (19/4/2013)

Apresentação e discussão de trabalhos individuais de alunas sobre amostragem e perguntas abertas e fechadas.

Apresentação e discussão da relação causal e das variáveis dependentes e independentes em inquéritos por questionário.

aula 13 12 (19/4/2013)

Apresentação sintéctica e cronológica de etapas de produção de sondagens e etapas de produção de inquéritos, acompanhadas pelos slides deixados na página de "tarefas da semana"

aula 12 12 (17/4/2013)

Continuação da aula anterior.

aula 11 12 (17/4/2013)

Tipos de problemáticas a preparar pata o teste: foram passados em revista geral os 4 temas previstos para o teste de dia 20 de Abril.

Foi discutido o sentido e o tipo de respostas possíveis para as perguntas do teste disponibilizado das "tarefas da semana" para ajudar o estudo para o teste.

aula 10 8 (22/3/2013)

História dos Censos

A exploração do site dos censos portugueses permite verificar existir uma página onde se listam os dados de todos os recenseamentos feitos em Portugal, desde o século XIX. Verificar como os Censos mais recentes desenvolveram a exposição dos conceitos estatísticos - mas não dos conceitos sociológicos por detrás desses conceitos operacionalizados. Tratam-se do resultado das decisões políticas do Conselho Superior de Estatística que reúne representantes de vários ministérios e peritos que acordam, em cada exercício, sobre a forma dos questionários e dos apuramentos.

A revisão dos resultados dos Censos mostra a evolução dos diferentes conceitos ao longo das décadas e também a evolução das realidades sociais subjacentes. Para tal bastando comparar dois anos bem afastados.   

aula 9 9 (22/3/2013)

obstáculos epistemológicos ao bom uso dos métodos

Há duas tendências naturais dos estudantes de sociologia que podemos descrever assim: a) resolver todos os problemas do mundo de uma vez, utilizando a magia do método científico; b) perante um obstáculo, saltar para outro alvo de estudo.

A escolha de um tema para ponto de partida de uma pesquisa sociológica não é uma rede para apanhar tudo à volta mas antes uma janela para mergulhar em profundidade. Na prática, no caso dos inquéritos por questionário, para passarmos à segunda fase de trabalho, a fase de trabalho de campo, o que pragmaticamente precisamos de obter da primeira fase de trabalho, de conceptualização e de operacionalização dos conceitos, é as perguntas organizadas num inquérito disponível para ser entregue aos inquiridos e preenchido por eles. Para já, precisamos de chegar à formulação de perguntas.

Precisamos, como diria Lazarsfeld (ver texto em "tarefas"), trata-se de traduzir conceitos em indicadores. Portanto, de imediato precisamos de definir com o maior rigor os conceitos - ou conceito - com que vamos trabalhar. Precisamos de reduzir um tema impressionista num conceito estrito senso.

Não precisamos de estabelecer uma teia de relações (que existem, na verdade) entre o tema e muitos outros temas. Pelo contrário. Precisamos de compreender a grande complexidade de cada tema e aceitar a impotência dos métodos e dos recursos disponíveis para darem conta dessa complexidade. Por isso, todo o esforço conceptual deverá ser analítico, isto é, encontrar "dentro" do tema algum assunto mais maneiro e susceptível de ser tratado directamente pelos nossos métodos. Devemos afunilar a nossa atenção e concentração num detalhe que nos pareça mais interessante, que nos chame mais a atenção, sobre o qual a nossa curiosidade tenha maiores esperanças - pois iremos precisar de ânimo para levar até ao fim o complexo processo de produção e interpretação dos dados, sem esmorecer e com empenho.

Nesse percurso, passamos agora ao segundo problema, de nada vale procurar escapar às dificuldades que sempre representam este esforço de concentração da nossa atenção saltando para outro tema, eventualmente mais propício. O exercício é o de experimentar e aprender a suportar as dores da concentração em partes da realidade efectivamente interligadas com todas as outras partes mas, para o caso da análise científica, e pelo menos durante o trabalho dos métodos, deverão ser conceptualizadas como autónomas e independentes. 

Saltar de um tema para o outro significa, na verdade, aliviar a dor mas voltar ao princípio, recuar no esforço. O que é preciso, ao contrário, é persistência, amadurecimento e aprofundamento. 

aula 8 17 (15/3/2013)

Três fases dos ciclos de pesquisa

O ciclo de investigação pode ser analisado como proporcionando e reclamando três fases distintas de trabalho, de tipo diferente. A primeira fase será teórico-conceptual; a segunda fase será logística de organização do trabalho de campo; a terceira fase será de análise de dados e produção de relatórios e relatório final.

A última fase permite alimentar e inspirar outra primeira fase num tempo posterior, a realizar pelo mesmo investigador ou por outro que volte a pegar no mesmo tema.

A vida de um sociólogo, cientista ou profissional de outra profissão, é uma experiência de circular entre essas três fases de trabalho consecutivamente, produzindo informação para terceiros mas também para si próprio, para enriquecimento e conhecimento pessoal que se acumulam cm o tempo. Em ciências sociais, ao contrário do que acontece em ciências naturais, são precisos muitos anos de maturação para aprender a ter atenção aos detalhes, o que só pode ser possível após profunda reflexão concentrada em objectos específicos, que faz da maioria dos sociólogos especialistas das suas áreas de estudo e das perspectivas que usa para fazer esses estudos. O saber sociológico, em grande medida, em maior medida que no caso das ciências naturais, está embrenhado com o percurso cognitivo de cada profissional.

Os trabalhos dos grupos de alunos devem ter em conta isso: devem estar cientes da impossibilidade de tratarem de um assunto/tema de uma forma definitiva com um pequeno estudo. Devem ser capazes de ver para além das evidências aparentes e problematizar, nomeadamente através de uma conceptualização virada para a operacionalização de variáveis e indicadores susceptíveis de inspirarem e serem informados por perguntas dos inquéritos formuladas a uma determinada população alvo. (ver Materiais aulas)

 

aula 7 13 (15/3/2013)

Estudo dos resultados do inquérito

Os estudantes foram convidados a participar na realização de um pequeno inquérito por questionário sobre o valor das penas judiciais. Recolheram registos de respostas a perguntas previamente fechadas, umas de tipo escala de Likert muito usada para atribuição de atitudes sociais e outras também muito usadas para caracterização sociodemográfica dos inquiridos, neste caso, uma amostra de conveniência.

Recolhidos mais de 300 registos, é possível fazer apuramentos de dados, através de frequências absolutas e relativas às diferentes perguntas. É possível comparar essas respostas com as obtidas nas edições anteriores do inquérito. Verificou-se, através da análise dos dados, não existir nenhum sentido imanente e evidente na apresentação dos resultados estatísticos. Qualquer interpretação, comparativa como são todas, é uma apreciação do significado que pode ter a acumulação de respostas numa dada modalidade prevista em cada pergunta, das variações desse tendência para acumular respostas nas diferentes edições do trabalho de campo. Para facilitar o trabalho comparativo, há a possibilidade de ventilar as respostas às perguntas sobre atitudes pelas diferentes variáveis sociodemográficas: qual é a diferença entre as tendências dos homens e das mulheres, dos trabalhadores e dos estudantes, dos jovens e dos mais idosos, etc. Há também a possibilidade de produzir análises multivariadas – que é muito fácil com o uso dos computadores – era praticamente impossível sem eles.

As grandes possibilidades técnicas de exploração das potencialidades dos dados levam alguns metodólogos e falar da “tortura” dos dados até que deem algum resultado satisfatório. Na verdade, depois do trabalho de campo feito, há que ter o engenho de não desperdiçar os dados, abandonando-os por não ser evidente o que se pode concluir deles. Difícil será reconhecer que foi trabalho em vão e não serviu para nada – a não ser concluir que aquele tipo de questionamento não leva a lado nenhum (o que embora seja uma conclusão importante, quem a profira estará sempre sujeito a vexames e humilhações, sobretudo num contexto competitivo). Talvez por isso houve quem deixasse cair de forma célebre a frase: “há as mentiras, as grandes mentiras e as estatísticas”.

Sem algo exterior aos dados e às perguntas capaz de lhes oferecer sentido, não valem nada. Sem um quadro teórico desenvolvido e operacionalizado de propósito para dar conta do valor das perguntas e das respostas obtidas pela aplicação do questionário de nada servirá o rigor dos processos de inquérito.

Neste curso começamos pelo fim: pela aplicação de um questionário de concepção alheia aos estudantes porque a) os métodos extensivos, ao contrário dos intensivos, podem e geralmente são industrializados, ou melhor, susceptíveis de permitir ganhos de produtividade sem perda de qualidade quando são aplicados por pessoas que não conhecem a problemática nem a problematização em apreciação; b) como o tempo do semestre é curto, a opção por realizar um projecto de inquérito implica não realizar o ciclo completo de produção de informação e conhecimentos, pelo que pareceu útil começar pela produção de dados, menos abstracta que a construção conceptual dos dados a recolher, a que nos iremos dedicar o resto do curso.

A dura conclusão que queremos oferecer é a de que a produção e interpretação dos dados do inquérito depende radicalmente do trabalho de preparação que ocupa as duas fases primeiras do trabalho. (exploração caso 1 em Materiais aulas)  

aula 6 17 (8/3/2013)

Amostra aleatória

A amostragem de base estatística é especializada - profissionalmente são matemáticos quem prepara essas amostras - e exige o conhecimento prévio do universo da população a inquirir - sobre a qual incidem as operações matemáticas para impor regras de representatividade capazes de admitirem cálculos de erro.

Os recenseamentos da população são a base de informação que permite conhecer o universo das "sociedades" a estudar pela sociologia que usa dados estatísticos. Esses dados estão disponíveis muitos meses depois do momento censitário - pois demoram algum tempo a serem apurados, registados, validados e disponibilizados. E estarão disponíveis como base de inquéritos representativos durante uma década, cada vez mais desactualizados, já se vê.

Há outras bases de dados que servem de universo da população, como as famílias que tenham telefone fixo (utilizadas para inquéritos telefónicos) cuja fiabilidade se degradou muito com os telemóveis, a diminuição do número de famílias com telefone fixo e o aumento de fornecedores de serviços telefónicos.

Para os trabalhos estatísticos oficiais é produzida a "amostra-mãe", uma amostra que produz uma alta representatividade, a partir da qual será possível extrair amostras de diferentes qualidades para uso do sistema estatístico nacional.

A representatividade das amostras respeita, geralmente, o critério da aleatoriedade (que não quer dizer de "qualquer maneira", como é usado o sentido comum desse termo) é criterioso e decorre da lista ordenada de elementos do universo (que podem ser indivíduos ou fogos) a que é aplicada uma série de números random obtidos através de um algoritmo disponíveis nos computadores que assegura a igual oportunidade de todos os elementos de serem escolhidas para pertencerem à amostra.

As amostras também podem ser sujeitas as restrições estratificadas, por exemplo em termos de sexo, idade, local de habitação ou trabalho, etc.

aula 5 17 (8/3/2013)

Amostra representativa

Foi chamada a atenção dos estudantes para a data de entrega, na próxima aula, dos nomes das pessoas integrantes de cada grupo, idealmente 3 pessoas, bem como do tema escolhido e breves referências bibliográficas ao tema (livros ou artigos sociológicos que tratam do tema e referências de notícias ou sites da internet que tratem do tema).

Ainda no âmbito da avaliação individual, as inscrições para as apresentações dos alunos que escolheram essa modalidade de avaliação (para ponderar com as notas dos testes e que inclui a apresentação de duas fichas de leitura escritas) devem ser feitas para o email do professor até ao começo das férias da Páscoa.

Em termos de matéria do programa tratou-se de apresentar o problema da amostra: o que significa uma amostra ser representativa? Diferentes modos de suscitar a representatividade da amostra, nomeadamente através do esgotamento de informação suplementar marginal, usada nos inquéritos por entrevista; a caracterização sociográfica de amostras de conveniência; a produção prévia de amostras calculadas estatisticamente. A avaliação dos custos pondera a qualidade do resultado, em termos de representatividade. A necessidade de fazer um balanço entre a certeza e as possibilidades (ou custos) e, em qualquer caso, entender os limites do processo de produção de dados (com vista à produção de significados, que vai para além dos dados: dados, informação, sabedoria), a sua decorrência de intenções, teorias, modos de operacionalização em indicadores e perguntas práticas, que justificam por um lado o afunilamento das respostas (em perguntas fechadas, nem sempre com sentido claro para toda a gente) e o correr dos riscos (boicote, boa-vontade, ignorância dos inquiridos) de coleccionar reacções em massa para obter resultados discutíveis.

As amostras de ocasião, como aquela que recolhemos com a turma, não podem reclamar qualquer representatividade. Mas podem mesmo assim servir para dar indicações sobre o sentido geral de respostas mais prováveis de entre as respostas da população cujas características sociográficas seja semelhantes àquelas da amostra finalmente apurada, através da observação dos dados de caracterização demográfica e social disponíveis, como idade, sexo, profissão, escolaridade.  

aula 4 17 (1/3/2013)

Teoria social na interpretação dos dados.

A distribuição de Gauss ou normal http://pt.wikipedia.org/wiki/Distribui%C3%A7%C3%A3o_normal, é uma forma que pode ser comparada com a forma da nuvem resultante da observação multivariada das respostas ao questionário em 2010. A normal demarca o grosso da população dos extremos minoritários, cada um para seu lado, isto é, opondo-se mutuamente entre si.

A normal observada na figura da análise multivariada (ver texto “classe média …” na página das tarefas de 21 de Fevereiro) torceu 90º. Quer dizer: aquilo que seria a variável principal (representada horizontalmente) passou a ser a variável secundária (a representada verticalmente). O problema do tipo de análise multivariada que foi usada para descrever os dados é o de descobrir o sentido que se pode tirar (interpretar) da variável composta pelo grupo de respostas que contribui para a construção do eixo ou factor que aparece na figura (construída automaticamente pelo computador).

A normal juntou no grosso das respostas, por um lado, as respostas de refúgio (neutras) permitidas pelo uso de uma escala de Likert impar. Por outro lado, as respostas positivas mas com menor convicção, a que podemos chamar respostas de boa vontade (os inquiridos tendem a agradar ao inquiridor e responder o que imaginam que eles preferem que responda). Nos extremos da normal (referidos ao eixo secundário, pois a figura está a 90º) estão as respostas mais convictas, opondo-se aqueles que entendem que o Estado deve intervir sempre que possa aos que entendem que o Estado deve ser inibido de intervir, sempre que possível. Uma oposição típica das ideologias de esquerda e de direita mais vulgares. De fácil interpretação.

O problema é saber interpretar o sentido do eixo principal e mais importante, representado na horizontal. As maiores contribuições de respostas para a construção do eixo principal são as respostas correlacionadas dos que entendem que os crimes não merecem castigo e os que entendem que os criminosos não devem ser tratados como seres humanos. Normalmente pensamos estas posições como oponíveis, defendidas por falcões e pombas, sempre em oposição. Que têm em comum estas posições e de que forma se opõem às posições ideológicas identificadas pelo eixo secundário?

São todas posições minoritárias – no caso das ideologias pela convicção, no caso das pombas e falcões pelo exotismo aparentemente irracional (no quadro de raciocínio imposto pelo questionário). Num caso são posições politicamente correctas e noutro caso são posições politicamente incorrectas. Pronto. Aqui está uma interpretação possível do eixo principal de análise: a correcção ou incorrecção política dos posicionamentos dos inquiridos.

Pombas e falcões, defesa da integridade das pessoas ou desprezo pelas pessoas mal comportadas, são atitudes que a moral social não valoriza. São atitudes mais próprias de estados de guerra. Será isso que as torna correlacionadas.

Voltemos agora ao princípio para procurar entender como desenhar uma conclusão: a teoria (sociológica, no nosso caso) desenvolve-se em torno de conceitos (critérios de justiça: de um lado a punição, do outro lado a igualdade de todos perante a lei) que são tratados analiticamente através de indicadores (as contradições do Estado no cumprimento da finalidade da reintegração social dos ex-reclusos) que são traduzidos em perguntas fechadas impostas aos inquiridos através do processo de inquirição.

As contradições do Estado têm a ver com saber qual seja a melhor forma de fazer justiça: segundo os formalismos da justiça perfeitamente canalizados pelas instituições apropriadas (os tribunais, as polícias, as prisões) ou pela sociedade livre de teias burocráticas e judiciais que atrapalham os modos mais expeditos com que as pessoas acabam por se encaminhar na vida, constrangidas pelos outros e pelas oportunidades que aparecem. Essas contradições, porém, parecem estar bem representadas no eixo secundário. O eixo primário é que é o principal e o mais complicado de analisar. Podemos dizer que se trata da emergência social de um espírito belicista, em que pombas e falcões desde já indicam um caminho de ruptura com o estado de paz que permite a divisão expressa entre ideologias?

Se adoptarmos a teoria dos estados de espírito, http://iscte.pt/~apad/estesp/trilogia.htm, que prevê a romper a teoria da dualidade superioridade (espírito de proibir) subordinação (espírito de submissão) de Simmel para a tornar tripartida, acrescentando o espírito marginal (opção de ruptura com qualquer dos outros estados que está sempre disponível, e mais ou menos frequentada), nesse caso pode-se interpretar o primeiro eixo como representando o espírito marginal.

Favorável aos direitos humanos e também à defesa bélica da dignidade humana, o espírito marginal aqui expresso é compatível com as novas contradições sociais em curso em Portugal, que desviam da centralidade ideológica na vida das pessoas para outros critérios mais agudos, até agora unidos (e minoritários) relativamente à situação dominante). Como será o aspecto dos dados em 2013, depois das mega manifestações? Para o saber teremos de recolher dados e analisá-los.

 

aula 3 17 (1/3/2013)

O INE e estatística

O trabalho de inquérito por questionário é um trabalho que pode ser industrializado, como o é na prática profissional, ao contrário do que ocorre com os métodos intensivos, que serão estudados no próximo semestre.

A teoria (sociológica, no nosso caso) desenvolve-se em torno de conceitos (critérios de justiça: de um lado a punição, do outro lado a igualdade de todos perante a lei) que são tratados analiticamente através de indicadores (as contradições do Estado no cumprimento da finalidade da reintegração social dos ex-reclusos) que são traduzidos em perguntas fechadas impostas aos inquiridos através do processo de inquirição.

A autoridade do Estado moderno tem sido usada, desde 1860, para impor aos cidadãos a colaboração em inquéritos, cuja matriz fundadora são os recenseamentos realizados de dez em dez anos. Nos anos 80 do século XX, na Holanda e na Alemanha, e outros países nórdicos, o recenseamento porta a porta foi inviabilizado pelo protesto popular que inibiu a boa colaboração das populações. Passaram a realizar os recenseamentos – quantos pessoas vivem no território controlado pelo Estado, quem são e que tipo de actividade desenvolvem – a partir de registos administrativos construídos com base nos contactos da população com os vários sectores da administração – registo de nascimentos e mortes, registos de residência e de licenças de condução, registo nas escolas e nos hospitais, e por aí fora.

Nos países do Sul da Europa os recenseamentos porta a porta, envolvendo milhares de recenseadores, continuam a praticar-se. São inquéritos exaustivos. Todos os presentes e todos os residentes devem ser registados obrigatoriamente, isto é, com força de obrigação legal, cujo incumprimento está sujeito a coima. Esses dados exaustivos servirão, nos próximos dez anos, para servir de base amostral para todos os outros inquéritos mais específicos que se fazem regularmente, como os inquéritos a emprego, utilizando as respostas apenas poucos milhares de pessoas, mas cujos resultados – sabemo-lo por inferência estatística – são muito aproximados dos resultados que se obteriam se se inquirisse toda a gente. Mas por um custo muitas vezes inferior à operação do recenseamento.

Nos inquéritos conduzidos por empresas não há obrigação legal de resposta por parte dos cidadãos. Mas em geral, como puderam perceber pela experiência que já tiveram, as pessoas em Portugal colaboram. O que não significa que não estejam a aceitar sujeitar-se a baias de entendimento impostas pelos inquiridos.

Na verdade, como disse um aluno, pergunta-se sobre criminosos quando há, do ponto de vista moral e prático, diferenças abissais entre um homicida ou um violador e um crime de colarinho branco ou um condutor sem carta. No questionário é imposto às pessoas perguntas incompletas e pouco claras, mas com vários sentidos possíveis na sua interpretação.

Esses são limites do método aplicado. A juntar ao facto de estarmos a perguntar às pessoas o que querem dizer sobre um assunto, para depois deduzirmos na análise que elas pensam o que disseram e que o fazem sempre e em qualquer circunstância e que esses pensamentos conduzem a sua acção. Todos estes pressupostos não são demonstráveis. Mas, ao mesmo tempo, a análise sociológica não procura estudar a consciência individual. Procura perscrutar a consciência colectiva através da voz dos inquiridos. Isto é, o que obtemos nos dados dos inquéritos são reacções das pessoas perante certas perguntas e certas opções de resposta muito limitadas, conforme imaginam que publicamente as pessoas em geral se devem comportar. Na verdade, quando as pessoas inquiridas mentem propositadamente ou não colaboram com o inquérito, essa informação é integrada no próprio inquérito. E serve de dado para análise.

No nosso caso, o facto de haver mais de 10% de respostas que reagem de forma estranha às perguntas de resposta mais consensuais (com menos respostas neutras) – como os que dizem que os criminosos não devem ser tratados como pessoas ou os outros que dizem que não devem ser condenados – deve levar-nos a pensar que significado tais respostas poderão ter, do ponto de vista da sociologia que queremos fazer, isto é dos critérios de justiça e das contradições do Estado face à finalidade de reinserção social dos ex-reclusos.

Estatística é a ciência do Estado, para saber quantas pessoas podem contribuir para os impostos. Os serviços que desenvolvem essa ciência estão actualmente sediados nos INE (Institutos Nacionais de Estatística) dos diferentes países. A UE tem o Eurostat que coordena a informação estatística a nível da região, com base nos dados produzidos nacionalmente. Desde 1860 que os Congressos Mundiais de Estatística coordenam – em torno da ONU, nomeadamente – os critérios científicos mais adequados a cada momento e às necessidades de informação estatal. Por exemplo, as contas nacionais (das quais o principal indicador é Produto Interno Bruto). Por exemplo, falta, segundo Joseph E. Stiglitz, Amartya Sen, Jean-Paul Fitoussi http://www.stiglitz-sen-fitoussi.fr/en/index.htm, estatísticas sobre a pegada ecológica e os rendimentos das famílias para que o Estado possa cumprir aquilo que eles entendem ser as suas responsabilidades.

 

aula 2   21

Apresentação do lugar do inquérito por questionário no programa de estudos de sociologia

Verificado o facto de a generalidade dos alunos não estar a par do conteúdo da cadeira, informou-se que por métodos extensivos nos referimos ao inquérito por questionário. Este distingue-se de outros inquéritos, classificados como intensivos, a tratar no próximo semestre, por serem tipicamente industrializados. Na prática, são empresas de sondagens e inquéritos quem responde às encomendas profissionais. Mais dificilmente se encomendam trabalhos de aplicação de métodos intensivos, pois neste caso a maior parte da informação útil é recolhida directa e informalmente pelo inquiridor. Isto é, a divisão de trabalho entre investigador e inquiridor ocorre geralmente na produção dos inquéritos por questionário, mas não ocorre - não é produtiva - nos inquéritos que usam técnicas classificadas como intensivas.

O prestígio dos inquéritos, quanto ao rigor técnico e potencial científico, é exagerado e injustificado na sua comparação com o rigor técnico e, sobretudo, o potencial científico dos métodos intensivos. Isso decorrerá, por exemplo, do prestígio da indústria relativamente ao artesanato. Mas também pelo endeusamento - que urge combater - dos números, como hiper-realidade mais real que a própria realidade observada. O que se ancora na forma de entrada da ciência na cultura humana, nomeadamente pelo facto de Deus ex machina criada por Newton ao descobrir a lei da gravitação universal.

A teoria social concentra a sua atenção em três autores erigidos como patronos da sociologia. Esse património deve ser valorizado, até porque também serve para contar a breve história da disciplina, nomeadamente da sua migração dos EUA para a Europa no pós-guerra e, também, as preferências teóricas que dividem marxistas e estrutural-funcionalistas, os que conciliam as duas tendências anteriores, uns enfatizando a estrutura e outros os funcionamentos institucionais - geralmente em detrimento das contribuições de Durkheim, abandonado no campo do estudos das delinquências ou das práticas legais.

A celebridade destes três autores permite, logo no primeiro ano da licenciatura, organizar um caso de estudo na aula: de que autor gostam mais os presentes? No caso registaram-se 10 votos em Durkheim, 4 em Weber, 2 em Marx e 3 abstenções.

O estudo do caso permitiu referir a natureza distinta entre as intenções e a qualidade subjectiva da participação dos inquiridos e o uso sociológico que se faz dos dados. Permitiu ainda comparar a gosto pelo Marx nos anos 80, com o actual gosto por Durklheim. E inquirir aos estudantes que tipo de raciocínio estaria envolvido na estrutura da explicação histórica enunciada: o método comparativo, definido e usado por Durkheim em O Suicídio como o método mais excelente.

Novo estudo de caso mais complexo e extenso foi apresentado, tomando por referência o estudo do docente sobre "critérios de justiça e penas", estudo a que os alunos foram convidados a juntarem-se, através da produção de dados através de inquérito, conforme tarefas definidas para serem realizadas durante a semana.

 

aula 1   20

Apresentação do docente

Apresentação do site pessoal e das diversas actividades aí espelhadas, nomeadamente o acesso ao site da cadeira


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