ano lectivo 2013/14
Apresentar Censos e modelos de análise.
Freq até agora
há muitas situações em que os
“técnicos” acham que há violência doméstica e as vítimas não
acham. E a pergunta é esta: quem decide e como se decide se
há ou não violência doméstica?
aula 24
(23/5/2014)
aula 23
(23/5/2014)
aula 22
(16/5/2014) Explorar os Censos II
Continuação da aula anterior
aula 21
(16/5/2014) Explorar os Censos
Apresentação dos documentos e informações disponíveis no
site dos Censos para informação e compreensão do que sejam
as necessidades metodológicas dos inquéritos, sobre os dados
recolhidos, sobre a evolução histórica da operação, sobre o
acumular de experiências através de procvedimentos de ambito
internacional.
aula 20
(09/5/2014)
Continuou-se a discutir as respostas possíveis aos
questionários apresentados aos estudantes.
aula 19
(09/5/2014)
preparação para o teste usando
os testes disponibilizados para preparar o teste de sábado,
foram discutidas as respostas possíveis e cada uma das
perguntas.
aula 18
(02/5/2014)
Com base nas respostas dos estudantes e do seu entendimento
sobre o que estava em causa com as perguntas houve
oportunidade de discutir questões variadas, como o
tratamento da veracidade das declarações dos informantes nos
processos de investigação social, a noção de problema social
comparada com a noção de problema sociológico, o que são
factos sociais, o que é a objectividade, o que é ideologia,
a noção de neutralidade axiológica, o preconceito e o
estigma associados a processos cognitivos anti-científicos,
o uso de argumentos de autoridade pelo senso comum. A
necessidade de cada aluno assumir pontos de vista
sociológicos próprios (e de respeitar os pontos de vista
alheios, por muito estranhos ou chocantes que possam ser)
para estabelecer teorias e hipóteses de trabalho, sob a
quais os métodos podem ser aplicados
aula 17
(02/5/2014)
Resolução de um teste semelhante ao para avaliação.
exemplo de
teste;
teste e
outra versão 2013
carta
1 e
2
aula 16
(04/4/2014)
Limitações das dimensões de análise
sociológica e dos métodos extensivos associados (Mouzelis e
Lahire)
aula 15
(04/4/2014)
Dimensões de análise:
modelos clássicos, estrutural funcionalistas e suas
revisões. Aplicações práticas
aula 14
(28/3/2014)
Exemplificações com casos dos estudantes
Aplicações de modelos de análise a casos concretos, como
violencia, corpos, estigmas.
Notas sobre a aula
aula 13
(28/3/2014)
Modelos de modelos de análise
O modelo positivista, os seu sucesso e as suas limitações. O
modelo AGIL, os seus sucessos e limitações. As novas
dimensões sociais propostas por Giddens para o capitalismo
avançado, o seu fracasso e as suas limitações. A sociologia
da instabilidade: uma proposta para conjungar os sucessos e
minimizar as limitações.
aula 12
(21/3/2014)
Análise de resultados, estudo de respostas não válidas e
noção de modelo de análise
Perante os resultados obtidos pela justaposição de dados
recebidos e tratados sob a forma de frequências foi possível
perceber a necessidade de validação da qualidade do registo,
testando-a nas respostas não previstas e através do estudo
das não respostas. O teste da qualidade dos dados também
deve ser feito no mesmo processo.
Face aos erros e incongruências há que tomar decisões de
correcção, voltando aos questionários, anulando registos sem
qualidade, recuperando informação que seja possível,
distribuindo não respostas de forma a não perturbar o
equilíbrio dos dados.
No caso de haver uma amostra insuficiente, como foi o caso,
os dados obtidos devem merecer um tratamento como hipóteses
a considerar, sobretudo quando a consistência das respostas
parece ser clara. Respostas sem tal consistência não podem
deixar de ser ignoradas, o que não aconteceria se o trabalho
de produção de amostragem e de recolha de dados tivesse sido
afinado e mais rigoroso.
Voltando ao trabalho de grupo, para a avaliação final, está
no tempo de construir um modelo de análise, conjugando de
maneira lógica duas ou três características sociais que se
tenha verificado serem importantes para o assunto a tratar,
seja por razões da mobilização de senso comum, seja por
haver estudos sociológicos já realizados que mostram haver
pertinência no estudo dessas características.
aula 11
(21/3/2014)
Tratamento de registo de dados
O registo de inquéritos permite verificar se o modo de o
planear através da estrutura de dados prevista está correcto
ou precisa de ser alterado: a) se toda a informação
recolhida pode ser registada adequadamente; b) se os
registos são capazes de receber a informação mais
desagregada; c) a agregação de informação far-se-á
posteriormente em variáveis compostas distintas das
originais (para evitar a perda de informação) usando o
recode do SPSS, por exemplo.
A validação de dados deve ser completada pela apreciação do
registo a) dos brancos e zeros b) de erros de digitação.
Isso pode ser feito trabalhando a matriz e as frequências
absolutas. Em caso de erro, esse poderá ser encontrado
cruzando esse erro com o número do questionário.
A análise dos dados deve ter em conta as circunstâncias e o
significado da produção do questionário e o efeito de
corresponder positivamente aos desejos dos inquiridores que
se apodera dos inquiridos. Os dados, por outro lado,
representam não a realidade a que as perguntas e respostas
se referem mas antes às opiniões expressas por cada
inquirido no contexto do questionário sobre os assuntos que
lhes parece que estão a ser expostos. Os inquéritos. mesmo
com todos os defeitos daqueles que já fizémos, têm grandes
virtualidades, entre as quais a de não serem meras opiniões
de sociólogos. Mas devem ser tidas em conta as
circunstâncias e o valor “virtual” (de conversa sem
consequências práticas) da intervenção dos inquiridos e dos
inquiridores.
aula 10
(14/3/2014)
a complexidade e integração dos métodos de inquérito
Foi apresentado e explorado o site do Censos. Mostrou-se a
complexidade do planeamento, em particular a integração de 4
tipos de questionários numa única operação, o plano de
tabulações, a utilidade da clarificação dos conceitos para a
produção e a interpretação dos dados, o conflito entre a
diacronia da vida e a sincronia da operação censitária (e de
qualquer questionário), mencionou-se o modo e o sentido da
produção de amostras, assim como a durabilidade da
amostra-mãe. Discutiu-se a importância dos meta dados e a
evolução dos conceitos para manter a comparabilidade das
séries e para se adaptarem às novas realidades práticas (por
exemplo, pessoas a viverem sós) e ideológicas (por exemplo,
o fim das referências ao chefe de família).
aula 09
(14/3/2014)
a acção de contacto com o inquirido
Foi discutida a experiência de entrevistas testadas pelas
estudantes na semana anterior. Mostrou-se a importância das
regras de abordagem aos inquiridos, seja do ponto de vista
de melhor as possibilidades de colaboração, do ponto de
vista da disposição para corresponder ao sentido geral do
trabalho de inquirição, seja no sentido de homogeneizar
quanto possível o ambiente em que os inquiridos são
abordados. Mostrou-se também a relação desigual entre
entrevistados e entrevistadores, e as diferentes estratégias
- auto ou hétero preenchimento, apoio sem intervenção,
resposta imediata ou diferida - e as vantagens e
desvantagens, do ponto de vista da qualidade dos dados e dos
custos da operação. Apreciou-se brevemente a relevância da
qualidade das perguntas e do desenho do inquérito - em
termos de volume e de aspecto gráfico. Foram dados exemplos
de estratégias complexas de integração de vários tipos de
questionamento numa única acção de inquérito, concretamente
no caso do PISA (educação).
aula 08
(28/2/2014)
sistematização de algumas noções técnicas
Descrição e análise dos requisitos para o primeiro relatório
de avaliação periódica. Descrição das principais fases do
trabalho de inquérito e respectivas diferenças a nível de
objectivos, finalidades e modos de trabalho.
Limites das
classificações dicotómicas: extensivo/intensivo;
qualitativo/quantitativo; de caso/comparativo. Breve
apresentação das articulações entre conceitos, dimensões e
indicadores.
aula 07
(28/2/2014)
finalização de instrumento de notação de um questionário
Recolha das sugestões de alterações ao estado do
questionário. Discussão de
problemas
relativos ao vocabulário utilizado. Fixação da ordem
das perguntas e de uma forma de questionário. Descrição de
tipos de perguntas e filtros através da análise de
questionários. Demonstração da utilização de um sistema de
produção de inquéritos por via da internet. Organização de
um teste do questionário por todos e cada um dos alunos.
aula 06
17 (21/2/2014)
Produzir perguntas para um questionário
Apresentaram-se e discutiram-se diversas perguntas que se
poderiam introduzir no questionário teste, sobretudo as
ligadas à pena de morte. Ponderaram-se vários parâmetros de
avaliação da qualidade das perguntas, nomeadamente clareza,
coercividade junto do público, abertura a respostas não
previstas, custos de mais perguntas, lógica implícita na
sequência das perguntas, influência das perguntas na
disposição de responder dos inquiridos.
Fizeram-se sugestões de perguntas. O
inquérito conforme
ficou na aula servirá de base para as
tarefas da semana.
aula 05
17 (21/2/2014)
Efeitos de contexto nos resultados dos inquéritos
O que se aprendeu com a experiência da aula anterior (que as
pessoas são influenciadas pelo ambiente - autoridade,
comunicação social, senso comum; que os presos, e outros
grupos minoritários, são vistos pelo senso comum como menos
que as outras pessoas e culpados do que lhes acontece;
quando são olhados como apenas vítimas, conforme a
informação disponível, as empatias e as noções podem mudar
praticamente instantaneamente; é preciso saber interpretar
os resultados em função do meio social ambiente - incluindo,
portanto, teoria; tomar posição sobre os assuntos não é,
necessariamente, menos objectivo do que “distanciar-se” da
tomada de posição, sobretudo quando isso significar
desconhecimento ou utilização de dogmas preconcebidos em vez
de teorias a testar; o devido distanciamento científico tem
a ver com a actualidade do debate teórico em curso ou já
previamente produzido noutras épocas que informa a
problematização que produz as perguntas do questionário e
orientará a interpretação dos dados a recolher).
Os métodos e as técnicas devem ser treinados e compreendidos
em função dos interesses científicos e profissionais de cada
um. Para o efeito é conveniente tomar uma posição perante as
oportunidades de vida profissional, isto é, qual seja o
sentido da acumulação de experiências curriculares que cada
um vai escolher. Por exemplo: seguir sociologia e ser
sociólogo, ou partir da sociologia para experiências
profissionais fora do campo directamente sociológico, como
jornalismo, economia, publicidade, internet, saúde, etc. Os
inquéritos ou métodos extensivos são usados em todas estas
áreas, mas de maneiras a corresponder a diferentes
necessidades e, portanto, sujeitos a modos de utilização
específicos.
aula 04
17 (14/2/2014)
Valor de infirmação dos questionário
Foi mostrado um vídeo de um ataque a um preso numa prisão
http://www.youtube.com/watch?v=TyrEtAKM3qs,
incluindo a explicação pública oferecida pela direcção-geral
dos serviços prisionais,
e organizou-se uma experiência improvisada de inquérito
sobre que papel preferia cada aluno desenvolver numa
hipotéctica dramatização daquela cena.
Cada estudante escrevia o número correspondente ao
personagem que preferira representar em caso de
dramatização.
1ª tiragem |
Personagem |
2ª tiragem |
5 |
1. Preso |
7 |
5 |
2. Chefe da guarda |
2 |
2 |
3. Guarda atirador |
2 |
3 |
4. Enfermeiro |
4 |
2 |
5. Resto dos guardas |
2 |
A hipótese lançada por um estudante de que ninguém iria
escolher ser o prisioneiro mostrou-se inválida na primeira
tiragem. Os inquéritos servem para isto mesmo: perante uma
hipótese, revelar a sua inviabilidade científica, isto é, a
sua não correspondência com a realidade. Para isso bastou um
pequeno questionário, sem grande formalidade nem qualidade
técnica para recusar a ideia de que as pessoas preferem
assumir papeis de não sofrimento. Uma aluno revelou querer
com essa escolha manifestar a sua solidariedade a uma
vítima. Mas a generalidade de quem votou preferiu não dizer
nada. Seja porque não pensou demasiado no que estava a
fazer, seja por ter algum tipo de dificuldade em assumir
publicamente uma posição tomada no segredo do voto por
escrito (a recolha de respostas deu-se forma anónima e
escrita: nenhum dos estudantes nem o professor ficou a saber
quem respondeu o quê). Seria certamente diferente se cada um
tivesse de expressar publicamente a sua escolha (como já
mostraram experiências anteriores, descritas em
dados da experiência com as turmas.
Depois de o docente contar a história do
preso alvo da taser,
numa perspectiva do preso, voltou a aplicar-se o
questionário. Na 2ª tiragem obtiveram-se resultados
significativamente diferentes. Pelo que, se pode concluir,
as pessoas responderão às mesmas perguntas de forma distinta
consoante a informação e as emoções que as ligam aos
assuntos em causa. Além da compreensão e entendimento das
pessoas sobre os temas perguntados, há ainda que contar com
os efeitos dos contextos em que os inquéritos são realizados
e a instabilidade natural que os assuntos, o tempo que passa
(a história, a maturidade, as experiências vividas) e as
emoções provocam nas pessoas.
aula 03
17 (14/2/2014)
Teste dos questionários
Uma aluna deu conta do teste que fez ao questionário
proposto na aula anterior. Verificou-se que há expressões
difíceis de compreender pelo comum das pessoas, como por
exemplo o significado e o sentido de Direitos Humanos. O que
torna o trabalho de responder mais difícil de corresponder à
consciência dos inquiridos. Verificou-se como o fechamento
da resposta e a métrica abstracta das escalas de Likert
utilizadas conduzem o inquirido a um mundo que lhe é imposto
e não ao mundo que é o seu. Verificou-se que muitas das
perguntas (metade, para ser exacto) mantinham ambiguidades
que permitiam diferentes pessoas entenderem referências a
coisas diferentes, com implicação nas respostas.
Foram apresentadas pelos estudantes propostas de novas
perguntas para o questionário. Referiu-se a vantagem de
dividir temas complexos em perguntas simples, para melhor
afinar o sentido das respostas obtidas e diminuir a
ambiguidade das perguntas. Os alunos ficaram de apresentar
na próxima aula propostas de perguntas novas a incluir no
questionário em substituição das abandonadas. Ficaram também
de as testar, para se assegurarem da compreensibilidade das
mesmas perante o público.
Notou-se como a ordem das perguntas não é arbitrária. Embora
seja difícil, à partida, saber qual o efeito prático que
cada ordem de perguntas possa vir a ter nos resultados
finais (e ser pouco económico testar as diferentes
combinações de ordens, por via dos custos associados).
Ter-se-á de fixar umaa ordem usando a lógica.
aula 02
22 (07/2/2014)
Apresentação da avaliação
Passou-se em revista o conteúdo do site (http://mtis1.ds.iscte.pt)
e a sua utilidade. Explicou-se o sentido e a lógica do modo
de avaliação vigente. Explicou-se que o decurso do curso
teria duas etapas: a) realização super rápida de um
questionário ("Aplicação
de penas"), depois de algumas alterações que se
venham a fazer, com o objectivo dos estudantes ficarem com
uma ideia das diferentes fases do processo; b) preparação do
projecto de questionário para a realização do trabalho de
grupo final.
Apresentou-se o questionário a usar para o trabalho de
conjunto de toda a turma. Organizou-se um debate de
tematização das prisões, chamando a atenção das diferenças
entre senso comum e conhecimentos científicos. Para as
tarefas da semana
deixou-se algum trabalho de concepção.
aula 01
22 (07/2/2014)
Apresentação da UC
O que é um inquérito? A arte de fazer perguntas e obter boas
respostas por um lado é trivial, mas por outro lado é
resultado de experiência acumulada (nos institutos de
estatística, nas conferências internacionais, nas empresas
que fazem inquéritos e sondagens, nos centros de
investigação social).
A realização de inquéritos conhece, grosso modo, três fases
de trabalho: a concepção (sobre que assunto e em que sentido
e perspectiva se vão organizar as perguntas); a realização
do trabalho de campo (escolha da população, medida do
universo e da amostra; produção do instrumento de notação;
organização do trabalho de campo); a análise de dados e
interpretação de resultados (registo de dados, aplicação de
estatística e produção de relatório).
O estudo da maneira mais económica de realizar inquéritos é
parte importante do problema dos métodos e técnicas
extensivos.
Não se conseguem evitar muitos erros, mas mesmo assim vale a
pena realizar inquéritos. São mais superficiais dos que
outros métodos (intensivos) mas permitem considerar
directamente grandes quantidades de pessoas, associadas
entre si sob a forma de população.
Reduzir um tema (como as prisões, de que se falou na aula) a
um problema simples é complicado. Antes de o fazer, é
necessário um trabalho de conceptualização e opções sobre
como se vai – desta vez – tratar do assunto, ignorando
muitas outras formas de o tratar que não vão poder ser
tratadas.
ano lectivo 2012/13
aula 24
13 (24/5/2013)
Teoria e método, escalas de atitude, apresentados por
alunos.
aula 23
14 (24/5/2013)
Avaliação do curso: o lugar da sociologia na vida do
sociólogo e o lugar dos métodos no trabalho sociológico.
Num quadro de profunda e prolongada transformação das
condições sociais, desde logo ao nível da empregabilidade
dos licenciados, haverá oportunidade de transformações
importantes na ciência e na profissão. A separação e o
distanciamento entre teorias e métodos nas escolas de
sociologia poderão vir a ser tratados, na medida em que se
sente actualmente a dificuldade de estudar métodos sem
discutir as teorias sem os quais os métodos não fazem
sentido.
Pelo que, do mesmo modo que a sociedade se voltou a
questionar sobre as causas dos problemas actuais, na
revolução do 25 de Abril ou na entrada para a CEE ou na
corrupção ou na falta de produtividade nacional, também a
sociologia deverá ser levada a tratar dos seus assuntos,
nomeadamente porque razão o positivismo, o biologismo, o
estrutural-funcionalismo se tornarem de bestiais em bestas,
como se diz em futebolês, cf. Nicos Mouzelis (1995)
Sociological Theory: What Went Wrong? – diagnosis and
remedies, London, Routledge.
E de que modo a sociologia poderá reagir. Talvez gritando,
como sugere John Holloway (2003) Change the World Without
Taking Power - The Meaning of Revolution Today, Pluto
Press.
aula 22
7 (17/5/2013)
o que é a objectividade?
A objectividade é uma qualidade positiva da construção de um
objecto científico - uma efectiva correspondência entre um
conceito e a realidade para a qual ele foi concebido mais as
realidades para as quais o mesmo conceito se poderá ajustar.
A objectividade não é um distanciamento emocional alheio à
empatia necessária à compreensão dos outros e das
respectivas condições sociais de existência; não é uma
neutralidade moral perante o desenvolvimento ou a
discriminação ou os maus tratos; também não é uma qualidade
dos investigadores ou dos profissionais mas antes da
comunidade científica de que possam fazer parte e, por isso,
desenvolve os seus próprios mecanismos de validar e aplicar
os critérios de avaliação da objectividade (por exemplo,
através do reconhecimento do valor relativo das diferentes
revistas científicas ou dos certificados de habilitações em
sociologia, e de outras formas).
É por isso que há uma ideia generalizada de haver uma maior
objectividade nos métodos quantitativos do que nos métodos
qualitativos, embora isso não corresponda a outra coisa que
não sejam preconceitos sobre o valor mágico dos números e da
matemática e das fórmulas escritas em notação matemática. Da
mesma forma que Newton praticava alquimia, também ainda hoje
no próprio seio da ciência os preceitos não científicos
fazem as suas aparições.
A objectividade será tanto maior quanto maior for a
adequação da teoria ao método e de ambas ao objecto de
estudo e deste à experiência de vida dos sociólogos e das
outras pessoas. A crítica mais radical que se pode fazer a
uma proposição sociológica é dizer, simplesmente, que isso
não existe, como alguns sociólogos dizem da própria
sociedade. Nesse caso não há possibilidade de se realizar
qualquer erro científico, qualquer tentativa de fazer
ciência, por ausência de um dos seus factores essenciais: a
crença da existência de uma realidade para lá dos sentidos.
Sabe-se hoje que aquilo que somos capazes de imaginar que
fazemos tem efeitos práticos em nós, mesmo que não
executamos de facto tais actos. Por exemplo: se imaginamos
estar a viver um momento de felicidade (sonhando ou sonhando
acordado) o nosso corpo produz substâncias químicas de
prazer e dor como se estivéssemos a viver aquele momento de
forma activa. A um nível mais profundo, os nossos hábitos
implicam com os nossos genes, podendo alterá-los,
transformando em inacto aquilo que não era anteriormente.
Sabemos também que ocorre sermos insensíveis a estímulos
sensoriais que são captados pelos sentidos mas censurados
pelo cérebro (incapaz de ter tudo em conta ao mesmo tempo).
Porém, nada disso implica que aquilo que os nossos sentidos
captam da realidade que nos é exterior não seja independente
da nossa imaginação. O que é preciso é muita atenção e
esforço para definir bem o que possa ser esse exterior
(através da ajuda de conceitos e sua operacionalização) e
proceder a medidas sistemáticas de forma a confirmar
aparências que podem estar a iludir-nos (através de métodos
dos mais variados tipos).
aula 21
11 (17/5/2013)
O que é a objectividade?
É preciso ultrapassar obstáculos epistemológicos. É preciso
distanciarmo-nos do nosso objecto. É preciso sermos neutros.
Diz-se vulgarmente. Mas o que significa isso?
Há métodos mais objectivos que outros? Há processos que
resultam mais objectivos que outros. Depende do modo como os
conceitos, as perguntas de partida e os dados são
trabalhados e do modo como alguém com autoridade suficiente
os avalia.
A observação participante aproxima muito o investigador do
seu objecto de estudo, mas nem por isso deixa de poder ser
considerada objectiva. Os inquéritos, por seu lado, mesmo do
ponto de vista da avaliação estatística, quando esta pode
ser aplicada, têm níveis de erro que podem ser determinados,
mas não eliminados.
As ciências naturais são mais objectivas? Sim, porque se
organizam de uma forma mais propícia a assegurar processos
de avaliação e auto-avaliação intensos - como os
proporcionados por largas equipes de investigadores
espalhadas pelo mundo e por muitas universidades. O que na
ciências sociais não se pratica (embora Parsons tenha
procurado avançar nessa direcção).
Mas também as ciências naturais têm os seus problemas de
objectividade e com os conceitos preconcebidos. Como o
mostra António Damásio na neuro-biologia.
Também a sociologia precisa de saber o que seja a sociedade
e não é claro que haja consenso a esse respeito. Será que a
sociedade existe? Há quem diga que não existe. Se a
sociedade, então, for apenas uma ideia, qual pode ser o
critério de objectividade a utilizar?
A objectividade deve medir a qualidade do foco construído
pelo sociólogo através do qual ele vai observar a realidade
(seja ela a sociedade virtual ou os efeitos a que os
sociólogos chamam sociedade a partir da produção de dados).
Sendo que os critérios para a medir estão tão firmados
quanto o estão as teorias sociais, muito diversas.
aula 20
11 (10/5/2013)
Trabalho, ocupação, emprego são noções que tratam de
assuntos diferentes. Trabalho relaciona uma pessoa ou as
pessoas com a natureza, de forma espontânea ou organizada,
de maneira directa ou mediada por máquinas. Ocupação
refere-se ao tempo. Que tipo de actividade se desenrola de
forma regular ao longo da vida geralmente durante o mesmo
período do dia. Emprego refere-se a uma relação de compra de
força de trabalho por parte de um empregador, a que se
espera que corresponda alguma forma de trabalho.
A sobrevivência das pessoas e da espécie, bem como da Terra,
reclama trabalho, mas não reclama emprego. A existência das
pessoas implica algum tipo de ocupação, mas pode não ser a
trabalhar e muito menos um emprego. Se assim fosse o risco
de morte dos desempregados ainda seria maior do que é.
O emprego é uma característica da sociedade em que vivemos,
depois de ter sido forçada a aceitar por parte dos que não
tinham recursos de rendimento para sobreviver. Agora que há
uma falta sistémica de empregos - e, ao contrário da banca,
não há políticas de resgate dos empregos em curso - mais
pessoas terão de sobreviver sem empregos. Vivendo com
rendimentos de outras origens, como subsídios, rendimento
mínimo garantido, apoios da família, etc.
Uma variável (emprego) desdobra-se portanto em múltiplos
problemas (identidade e redes de sociabilidade) e também
modalidades (empregadores, trabalhadores por conta própria,
trabalhadores por conta de outrem, cooperantes, etc.). Um
questionário poderá abordar alguns destes problemas
sociológicos e desdobrá-los em perguntas úteis, visando
atingir uma população homogénea (só empregadores, por
exemplo) ou não.
aula 19
11 (10/5/2013)
A problematização é uma tarefa indispensável para poder
escolher o método e organizar a prática metodológica. Essa é
a primeira das tarefas a cumprir, embora na forma como o
curso decorreu seja esta a oportunidade de falar disso.
Se tomarmos por tema ou problema social o emprego (ou
desemprego, como também poderia ser a pobreza) há que o
transformar em problema sociológico. O problema social é p o
problema sentido pelas pessoas comuns. O problema
sociológico é um problema formulado entre os sociólogos e
para sociólogos, com o fito de fazer ciência e aumentar os
conhecimentos sobre como funciona e o que é a sociedade.
O emprego (como o desemprego) evolui com a história. Nas
sociedades pré-modernas não havia empregos: havia ocupações
(em geral camponesas, mas também artesanais, artísticas,
guerreiras, religiosos, etc.). Para empregar pessoas foi uma
luta, porque as pessoas disponíveis - os camponeses
desocupados por terem sido expulsos dos campos (um pouco
como hoje os desempregados estão a ser excluídos da vida
moderna) não gostavam de trabalhar nas cidades e só o faziam
obrigados. Na verdade os vagabundos e outros sem eira nem
beira eram presos em casa de pobres e expostos à saída para
os trabalhos das fábricas. Muitos deles mal recebiam um
primeiro salário simplesmente deixavam de aparecer para
trabalhar. Ter pessoal ao serviço era muito complicado. Na
verdade nunca deixou de ser complicado. Mas em breve foi
incorporado nos trabalhadores a ética do trabalho, a
valorização do trabalho e do emprego, a ponto de actualmente
a identidade de cada um residir, em grande medida, na
identidade social emprestada pelo acolhimento de uma
profissão ou empresa a um seu empregado. Os casamentos e os
filhos referem-se aos empregos dos seus familiares como uma
forma de orgulho ou vergonha da respectiva respeitabilidade
social, dependente do prestígio do emprego mais do que do
conhecimento que se tenha do carácter das pessoas em causa.
A identidade social ou as redes de sociabilidade são dois
conceitos sociológicos que podem ser procurados em leituras
preliminares para se poder construir uma problematização e
escolher e especificar os conceitos a mobilizar para um
estudo, cujo objectivo é o conhecimento mas que, quem sabe?,
nop fim pode ajudar a entender melhor e ajudar a fazer
evoluir o problema social original.
aula 18
12 (3/5/2013)
Apresentações de trabalhos individuais e referência à
necessidade da teoria social para estabelecer o que fazer
aos temas e problemas sociais escolhidos para alvo das
atenções dos grupos.
Face ao problema do desemprego, escolhido por 3 dos 5 grupos
de trabalho, foram tomadas as referências clássicas das
teorias de Marx, Durkheim e Max Weber para notar como os
problemas sociológicos colocados por cada teorização são
muito diversos: os processos de proletarização, como forma
de exploração e acumulação de riqueza na posse de uma classe
cada vez mais pequena e isolada e à custa de trabalho
embrutecido e alheado da produção social (trabalho
especializado); a consciência colectiva que solidariza
diferentes sectores da economia dentro de si, sob a forma de
cooperação no trabalho diferenciado; o espírito do
capitalismo de inspiração religiosa mas com consequências
económicas e culturais posteriores, a somar à evolução
tecnológica e à burocratização administrativa: eis 3
perspectivas clássicas sobre o desenvolvimento e, portanto,
também o emprego e o desemprego. Exército proletário de
reserva; profissionais desocupados por sector de actividade;
funcionários, empregadores, trabalhadores a concorrerem em
mercados de trabalho diferentes.
Cada uma destas perspectivas, muito ricas de diferentes
facetas do respectivo entendimento do que seja a sociedade
(luta de classes; consciência moral; teia de relações
sociais), orientam as problematizações sociais possíveis de
imaginar a propósito de cada problemas social em direcções
muito diferentes e incompatíveis entre si. Cada grupo terá
de escolher a sua própria perspectiva e os conceitos
principais associados. Só depois poderá começar o trabalho
de operacionalização.
aula 17
14 (3/5/2013)
trabalhos dos grupos comentado pelo professor, um a um
aula 16
9 (26/4/2013)
Introdução à questão da objectividade: a proximidade ou
distanciamento dos objectos de estudo é uma opção do
investigador e não um dogma a respeitar por qualquer razão.
Na verdade a ruptura com o senso comum proposta inicialmente
por Durkheim significa a criação e a exploração de
polissémico associado a todas as palavras de forma
científica, e não exotérica. Isto é: as palavras devem ser
associadas a sentidos precisos e estabilizados durante o
trabalho científico, por contraponto aos usos mágicos das
palavras típicos de outras formas de cultura. O que
significa existir a necessidade prática e epistémica de
elaborar de forma precisa sobre o que se quer mencionar em
vez de deixar à interpretação do leitor o sentido que este
queira adoptar das palavras utilizadas.
Neste sentido, pode dizer-se, ao contrário da vulgata, ser
mais profícuo uma proximidade familiar com o objecto de
estudo empírico e um distanciamento crítico perante as
teorias existentes, sobretudo as mais explicativas, como
forma de abrir as oportunidades de clarificação dos
conceitos e dos fenómenos que são o essencial da actividade
científica.
A recomendação do distanciamento perante o estudo é correcta
se interpretada como a necessidade-vantagem de
desinvestimento emocional do investigador dos resultados da
investigação, pois essa é a condição de aumento das
possibilidades de êxito do processo de criação de
conhecimento novo. Se o distanciamento significar ignorância
dos factos - por exemplo, mediados através de inquéritos
pré-fabricados com base em conhecimentos produzidos
anteriormente por pesquisas exploratórias - reduzidos à sua
expressão estilizada por perguntas condicionadas à nossa
própria ignorância, então tal distanciamento já não é
recomendável.
Portanto: o empenho do investigador num tema depende em
grande medida do seu envolvimento emocional com os problemas
associados, nomeadamente os problemas sociais e morais.
Exercitar o distanciamento neste aspecto é positivo mas não
deve ser levado ao extremo de extinguir o empenho do
sociólogo. A familiaridade com o objecto de estudo, por
outro lado, significa que se dispõe de muita informação
susceptível de enriquecer a problematização e o realismo da
pesquisa. Na condição de se deixar espaço mental e emocional
para questionar as convicções e certezas, tantas vezes
unilaterais e falsas, com que todos nós nos habituamos a
interpretar a realidade mais próxima.
aula 15
11 (26/4/2013)
Apresentação e discussão sobre trabalhos individuais sobre
etapas de pesquisa segundo Quivy e Campenhoudt e valor dos
inquéritos segundo Virgínia Ferreira.
aula 14
12 (19/4/2013)
Apresentação e discussão de trabalhos individuais de alunas
sobre amostragem e perguntas abertas e fechadas.
Apresentação e discussão da relação causal e das variáveis
dependentes e independentes em inquéritos por questionário.
aula 13
12 (19/4/2013)
Apresentação sintéctica e cronológica de etapas de produção
de sondagens e etapas de produção de inquéritos,
acompanhadas pelos slides deixados na página de "tarefas da
semana"
aula 12
12 (17/4/2013)
Continuação da aula anterior.
aula 11
12 (17/4/2013)
Tipos de problemáticas a preparar pata o teste: foram
passados em revista geral os 4 temas previstos para o teste
de dia 20 de Abril.
Foi discutido o sentido e o tipo de respostas possíveis para
as perguntas do teste disponibilizado das "tarefas da
semana" para ajudar o estudo para o teste.
aula 10
8 (22/3/2013)
História dos Censos
A exploração do site dos censos portugueses permite
verificar existir uma página onde se listam os dados de
todos os recenseamentos feitos em Portugal, desde o século
XIX. Verificar como os Censos mais recentes desenvolveram a
exposição dos conceitos estatísticos - mas não dos conceitos
sociológicos por detrás desses conceitos operacionalizados.
Tratam-se do resultado das decisões políticas do Conselho
Superior de Estatística que reúne representantes de vários
ministérios e peritos que acordam, em cada exercício, sobre
a forma dos questionários e dos apuramentos.
A revisão dos resultados dos Censos mostra a evolução dos
diferentes conceitos ao longo das décadas e também a
evolução das realidades sociais subjacentes. Para tal
bastando comparar dois anos bem afastados.
aula 9
9 (22/3/2013)
obstáculos epistemológicos ao bom uso dos métodos
Há duas tendências naturais dos estudantes de sociologia que
podemos descrever assim: a) resolver todos os problemas do
mundo de uma vez, utilizando a magia do método científico;
b) perante um obstáculo, saltar para outro alvo de estudo.
A escolha de um tema para ponto de partida de uma pesquisa
sociológica não é uma rede para apanhar tudo à volta mas
antes uma janela para mergulhar em profundidade. Na prática,
no caso dos inquéritos por questionário, para passarmos à
segunda fase de trabalho, a fase de trabalho de campo, o que
pragmaticamente precisamos de obter da primeira fase de
trabalho, de conceptualização e de operacionalização dos
conceitos, é as perguntas organizadas num inquérito
disponível para ser entregue aos inquiridos e preenchido por
eles. Para já, precisamos de chegar à formulação de
perguntas.
Precisamos, como diria Lazarsfeld (ver texto em "tarefas"),
trata-se de traduzir conceitos em indicadores. Portanto, de
imediato precisamos de definir com o maior rigor os
conceitos - ou conceito - com que vamos trabalhar.
Precisamos de reduzir um tema impressionista num conceito
estrito senso.
Não precisamos de estabelecer uma teia de relações (que
existem, na verdade) entre o tema e muitos outros temas.
Pelo contrário. Precisamos de compreender a grande
complexidade de cada tema e aceitar a impotência dos métodos
e dos recursos disponíveis para darem conta dessa
complexidade. Por isso, todo o esforço conceptual deverá ser
analítico, isto é, encontrar "dentro" do tema algum assunto
mais maneiro e susceptível de ser tratado directamente pelos
nossos métodos. Devemos afunilar a nossa atenção e
concentração num detalhe que nos pareça mais interessante,
que nos chame mais a atenção, sobre o qual a nossa
curiosidade tenha maiores esperanças - pois iremos precisar
de ânimo para levar até ao fim o complexo processo de
produção e interpretação dos dados, sem esmorecer e com
empenho.
Nesse percurso, passamos agora ao segundo problema, de nada
vale procurar escapar às dificuldades que sempre representam
este esforço de concentração da nossa atenção saltando para
outro tema, eventualmente mais propício. O exercício é o de
experimentar e aprender a suportar as dores da concentração
em partes da realidade efectivamente interligadas com todas
as outras partes mas, para o caso da análise científica, e
pelo menos durante o trabalho dos métodos, deverão ser
conceptualizadas como autónomas e independentes.
Saltar de um tema para o outro significa, na verdade,
aliviar a dor mas voltar ao princípio, recuar no esforço. O
que é preciso, ao contrário, é persistência, amadurecimento
e aprofundamento.
aula 8
17 (15/3/2013)
Três fases dos ciclos de pesquisa
O ciclo de investigação pode ser analisado como
proporcionando e reclamando três fases distintas de
trabalho, de tipo diferente. A primeira fase será
teórico-conceptual; a segunda fase será logística de
organização do trabalho de campo; a terceira fase será de
análise de dados e produção de relatórios e relatório final.
A última fase permite alimentar e inspirar outra primeira
fase num tempo posterior, a realizar pelo mesmo investigador
ou por outro que volte a pegar no mesmo tema.
A vida de um sociólogo, cientista ou profissional de outra
profissão, é uma experiência de circular entre essas três
fases de trabalho consecutivamente, produzindo informação
para terceiros mas também para si próprio, para
enriquecimento e conhecimento pessoal que se acumulam cm o
tempo. Em ciências sociais, ao contrário do que acontece em
ciências naturais, são precisos muitos anos de maturação
para aprender a ter atenção aos detalhes, o que só pode ser
possível após profunda reflexão concentrada em objectos
específicos, que faz da maioria dos sociólogos especialistas
das suas áreas de estudo e das perspectivas que usa para
fazer esses estudos. O saber sociológico, em grande medida,
em maior medida que no caso das ciências naturais, está
embrenhado com o percurso cognitivo de cada profissional.
Os trabalhos dos grupos de alunos devem ter em conta isso:
devem estar cientes da impossibilidade de tratarem de um
assunto/tema de uma forma definitiva com um pequeno estudo.
Devem ser capazes de ver para além das evidências aparentes
e problematizar, nomeadamente através de uma
conceptualização virada para a operacionalização de
variáveis e indicadores susceptíveis de inspirarem e serem
informados por perguntas dos inquéritos formuladas a uma
determinada população alvo. (ver
Materiais aulas)
aula 7
13 (15/3/2013)
Estudo dos resultados do inquérito
Os estudantes foram convidados a participar na realização de
um pequeno inquérito por questionário sobre o valor das
penas judiciais. Recolheram registos de respostas a
perguntas previamente fechadas, umas de tipo escala de
Likert muito usada para atribuição de atitudes sociais e
outras também muito usadas para caracterização
sociodemográfica dos inquiridos, neste caso, uma amostra de
conveniência.
Recolhidos mais de 300 registos, é possível fazer
apuramentos de dados, através de frequências absolutas e
relativas às diferentes perguntas. É possível comparar essas
respostas com as obtidas nas edições anteriores do
inquérito. Verificou-se, através da análise dos dados, não
existir nenhum sentido imanente e evidente na apresentação
dos resultados estatísticos. Qualquer interpretação,
comparativa como são todas, é uma apreciação do significado
que pode ter a acumulação de respostas numa dada modalidade
prevista em cada pergunta, das variações desse tendência
para acumular respostas nas diferentes edições do trabalho
de campo. Para facilitar o trabalho comparativo, há a
possibilidade de ventilar as respostas às perguntas sobre
atitudes pelas diferentes variáveis sociodemográficas: qual
é a diferença entre as tendências dos homens e das mulheres,
dos trabalhadores e dos estudantes, dos jovens e dos mais
idosos, etc. Há também a possibilidade de produzir análises
multivariadas – que é muito fácil com o uso dos computadores
– era praticamente impossível sem eles.
As grandes possibilidades técnicas de exploração das
potencialidades dos dados levam alguns metodólogos e falar
da “tortura” dos dados até que deem algum resultado
satisfatório. Na verdade, depois do trabalho de campo feito,
há que ter o engenho de não desperdiçar os dados,
abandonando-os por não ser evidente o que se pode concluir
deles. Difícil será reconhecer que foi trabalho em vão e não
serviu para nada – a não ser concluir que aquele tipo de
questionamento não leva a lado nenhum (o que embora seja uma
conclusão importante, quem a profira estará sempre sujeito a
vexames e humilhações, sobretudo num contexto competitivo).
Talvez por isso houve quem deixasse cair de forma célebre a
frase: “há as mentiras, as grandes mentiras e as
estatísticas”.
Sem algo exterior aos dados e às perguntas capaz de lhes
oferecer sentido, não valem nada. Sem um quadro teórico
desenvolvido e operacionalizado de propósito para dar conta
do valor das perguntas e das respostas obtidas pela
aplicação do questionário de nada servirá o rigor dos
processos de inquérito.
Neste curso começamos pelo fim: pela aplicação de um
questionário de concepção alheia aos estudantes porque a) os
métodos extensivos, ao contrário dos intensivos, podem e
geralmente são industrializados, ou melhor, susceptíveis de
permitir ganhos de produtividade sem perda de qualidade
quando são aplicados por pessoas que não conhecem a
problemática nem a problematização em apreciação; b) como o
tempo do semestre é curto, a opção por realizar um projecto
de inquérito implica não realizar o ciclo completo de
produção de informação e conhecimentos, pelo que pareceu
útil começar pela produção de dados, menos abstracta que a
construção conceptual dos dados a recolher, a que nos iremos
dedicar o resto do curso.
A dura conclusão que queremos oferecer é a de que a produção
e interpretação dos dados do inquérito depende radicalmente
do trabalho de preparação que ocupa as duas fases primeiras
do trabalho. (exploração caso 1 em Materiais
aulas)
aula 6
17 (8/3/2013)
Amostra aleatória
A amostragem de base estatística é especializada -
profissionalmente são matemáticos quem prepara essas
amostras - e exige o conhecimento prévio do universo da
população a inquirir - sobre a qual incidem as operações
matemáticas para impor regras de representatividade capazes
de admitirem cálculos de erro.
Os recenseamentos da população são a base de informação que
permite conhecer o universo das "sociedades" a estudar pela
sociologia que usa dados estatísticos. Esses dados estão
disponíveis muitos meses depois do momento censitário - pois
demoram algum tempo a serem apurados, registados, validados
e disponibilizados. E estarão disponíveis como base de
inquéritos representativos durante uma década, cada vez mais
desactualizados, já se vê.
Há outras bases de dados que servem de universo da
população, como as famílias que tenham telefone fixo
(utilizadas para inquéritos telefónicos) cuja fiabilidade se
degradou muito com os telemóveis, a diminuição do número de
famílias com telefone fixo e o aumento de fornecedores de
serviços telefónicos.
Para os trabalhos estatísticos oficiais é produzida a
"amostra-mãe", uma amostra que produz uma alta
representatividade, a partir da qual será possível extrair
amostras de diferentes qualidades para uso do sistema
estatístico nacional.
A representatividade das amostras respeita, geralmente, o
critério da aleatoriedade (que não quer dizer de "qualquer
maneira", como é usado o sentido comum desse termo) é
criterioso e decorre da lista ordenada de elementos do
universo (que podem ser indivíduos ou fogos) a que é
aplicada uma série de números random obtidos através
de um algoritmo disponíveis nos computadores que assegura a
igual oportunidade de todos os elementos de serem escolhidas
para pertencerem à amostra.
As amostras também podem ser sujeitas as restrições
estratificadas, por exemplo em termos de sexo, idade, local
de habitação ou trabalho, etc.
aula 5
17 (8/3/2013)
Amostra representativa
Foi chamada a atenção dos estudantes para a data de entrega,
na próxima aula, dos nomes das pessoas integrantes de cada
grupo, idealmente 3 pessoas, bem como do tema escolhido e
breves referências bibliográficas ao tema (livros ou artigos
sociológicos que tratam do tema e referências de notícias ou
sites da internet que tratem do tema).
Ainda no âmbito da avaliação individual, as inscrições para
as apresentações dos alunos que escolheram essa modalidade
de avaliação (para ponderar com as notas dos testes e que
inclui a apresentação de duas fichas de leitura escritas)
devem ser feitas para o email do professor até ao começo das
férias da Páscoa.
Em termos de matéria do programa tratou-se de apresentar o
problema da amostra: o que significa uma amostra ser
representativa? Diferentes modos de suscitar a
representatividade da amostra, nomeadamente através do
esgotamento de informação suplementar marginal, usada nos
inquéritos por entrevista; a caracterização sociográfica de
amostras de conveniência; a produção prévia de amostras
calculadas estatisticamente. A avaliação dos custos pondera
a qualidade do resultado, em termos de representatividade. A
necessidade de fazer um balanço entre a certeza e as
possibilidades (ou custos) e, em qualquer caso, entender os
limites do processo de produção de dados (com vista à
produção de significados, que vai para além dos dados:
dados, informação, sabedoria), a sua decorrência de
intenções, teorias, modos de operacionalização em
indicadores e perguntas práticas, que justificam por um lado
o afunilamento das respostas (em perguntas fechadas, nem
sempre com sentido claro para toda a gente) e o correr dos
riscos (boicote, boa-vontade, ignorância dos inquiridos) de
coleccionar reacções em massa para obter resultados
discutíveis.
As amostras de ocasião, como aquela que recolhemos com a
turma, não podem reclamar qualquer representatividade. Mas
podem mesmo assim servir para dar indicações sobre o sentido
geral de respostas mais prováveis de entre as respostas da
população cujas características sociográficas seja
semelhantes àquelas da amostra finalmente apurada, através
da observação dos dados de caracterização demográfica e
social disponíveis, como idade, sexo, profissão,
escolaridade.
aula 4
17 (1/3/2013)
Teoria social na interpretação dos dados.
A distribuição de Gauss ou normal
http://pt.wikipedia.org/wiki/Distribui%C3%A7%C3%A3o_normal,
é uma forma que pode ser comparada com a forma da nuvem
resultante da observação multivariada das respostas ao
questionário em 2010. A normal demarca o grosso da população
dos extremos minoritários, cada um para seu lado, isto é,
opondo-se mutuamente entre si.
A normal observada na figura da análise multivariada (ver
texto “classe média …” na página das tarefas de 21 de
Fevereiro) torceu 90º. Quer dizer: aquilo que seria a
variável principal (representada horizontalmente) passou a
ser a variável secundária (a representada verticalmente). O
problema do tipo de análise multivariada que foi usada para
descrever os dados é o de descobrir o sentido que se pode
tirar (interpretar) da variável composta pelo grupo de
respostas que contribui para a construção do eixo ou factor
que aparece na figura (construída automaticamente pelo
computador).
A normal juntou no grosso das respostas, por um lado, as
respostas de refúgio (neutras) permitidas pelo uso de uma
escala de Likert impar. Por outro lado, as respostas
positivas mas com menor convicção, a que podemos chamar
respostas de boa vontade (os inquiridos tendem a agradar ao
inquiridor e responder o que imaginam que eles preferem que
responda). Nos extremos da normal (referidos ao eixo
secundário, pois a figura está a 90º) estão as respostas
mais convictas, opondo-se aqueles que entendem que o Estado
deve intervir sempre que possa aos que entendem que o Estado
deve ser inibido de intervir, sempre que possível. Uma
oposição típica das ideologias de esquerda e de direita mais
vulgares. De fácil interpretação.
O problema é saber interpretar o sentido do eixo principal e
mais importante, representado na horizontal. As maiores
contribuições de respostas para a construção do eixo
principal são as respostas correlacionadas dos que entendem
que os crimes não merecem castigo e os que entendem que os
criminosos não devem ser tratados como seres humanos.
Normalmente pensamos estas posições como oponíveis,
defendidas por falcões e pombas, sempre em oposição. Que têm
em comum estas posições e de que forma se opõem às posições
ideológicas identificadas pelo eixo secundário?
São todas posições minoritárias – no caso das ideologias
pela convicção, no caso das pombas e falcões pelo exotismo
aparentemente irracional (no quadro de raciocínio imposto
pelo questionário). Num caso são posições politicamente
correctas e noutro caso são posições politicamente
incorrectas. Pronto. Aqui está uma interpretação possível do
eixo principal de análise: a correcção ou incorrecção
política dos posicionamentos dos inquiridos.
Pombas e falcões, defesa da integridade das pessoas ou
desprezo pelas pessoas mal comportadas, são atitudes que a
moral social não valoriza. São atitudes mais próprias de
estados de guerra. Será isso que as torna correlacionadas.
Voltemos agora ao princípio para procurar entender como
desenhar uma conclusão: a teoria (sociológica, no nosso
caso) desenvolve-se em torno de conceitos (critérios de
justiça: de um lado a punição, do outro lado a igualdade de
todos perante a lei) que são tratados analiticamente através
de indicadores (as contradições do Estado no cumprimento da
finalidade da reintegração social dos ex-reclusos) que são
traduzidos em perguntas fechadas impostas aos inquiridos
através do processo de inquirição.
As contradições do Estado têm a ver com saber qual seja a
melhor forma de fazer justiça: segundo os formalismos da
justiça perfeitamente canalizados pelas instituições
apropriadas (os tribunais, as polícias, as prisões) ou pela
sociedade livre de teias burocráticas e judiciais que
atrapalham os modos mais expeditos com que as pessoas acabam
por se encaminhar na vida, constrangidas pelos outros e
pelas oportunidades que aparecem. Essas contradições, porém,
parecem estar bem representadas no eixo secundário. O eixo
primário é que é o principal e o mais complicado de
analisar. Podemos dizer que se trata da emergência social de
um espírito belicista, em que pombas e falcões desde já
indicam um caminho de ruptura com o estado de paz que
permite a divisão expressa entre ideologias?
Se adoptarmos a teoria dos estados de espírito,
http://iscte.pt/~apad/estesp/trilogia.htm, que
prevê a romper a teoria da dualidade superioridade (espírito
de proibir) subordinação (espírito de submissão) de Simmel
para a tornar tripartida, acrescentando o espírito marginal
(opção de ruptura com qualquer dos outros estados que está
sempre disponível, e mais ou menos frequentada), nesse caso
pode-se interpretar o primeiro eixo como representando o
espírito marginal.
Favorável aos direitos humanos e também à defesa bélica da
dignidade humana, o espírito marginal aqui expresso é
compatível com as novas contradições sociais em curso em
Portugal, que desviam da centralidade ideológica na vida das
pessoas para outros critérios mais agudos, até agora unidos
(e minoritários) relativamente à situação dominante). Como
será o aspecto dos dados em 2013, depois das mega
manifestações? Para o saber teremos de recolher dados e
analisá-los.
aula 3
17 (1/3/2013)
O INE e estatística
O trabalho de inquérito por questionário é um trabalho que
pode ser industrializado, como o é na prática profissional,
ao contrário do que ocorre com os métodos intensivos, que
serão estudados no próximo semestre.
A teoria (sociológica, no nosso caso) desenvolve-se em torno
de conceitos (critérios de justiça: de um lado a punição, do
outro lado a igualdade de todos perante a lei) que são
tratados analiticamente através de indicadores (as
contradições do Estado no cumprimento da finalidade da
reintegração social dos ex-reclusos) que são traduzidos em
perguntas fechadas impostas aos inquiridos através do
processo de inquirição.
A autoridade do Estado moderno tem sido usada, desde 1860,
para impor aos cidadãos a colaboração em inquéritos, cuja
matriz fundadora são os recenseamentos realizados de dez em
dez anos. Nos anos 80 do século XX, na Holanda e na
Alemanha, e outros países nórdicos, o recenseamento porta a
porta foi inviabilizado pelo protesto popular que inibiu a
boa colaboração das populações. Passaram a realizar os
recenseamentos – quantos pessoas vivem no território
controlado pelo Estado, quem são e que tipo de actividade
desenvolvem – a partir de registos administrativos
construídos com base nos contactos da população com os
vários sectores da administração – registo de nascimentos e
mortes, registos de residência e de licenças de condução,
registo nas escolas e nos hospitais, e por aí fora.
Nos países do Sul da Europa os recenseamentos porta a porta,
envolvendo milhares de recenseadores, continuam a
praticar-se. São inquéritos exaustivos. Todos os presentes e
todos os residentes devem ser registados obrigatoriamente,
isto é, com força de obrigação legal, cujo incumprimento
está sujeito a coima. Esses dados exaustivos servirão, nos
próximos dez anos, para servir de base amostral para todos
os outros inquéritos mais específicos que se fazem
regularmente, como os inquéritos a emprego, utilizando as
respostas apenas poucos milhares de pessoas, mas cujos
resultados – sabemo-lo por inferência estatística – são
muito aproximados dos resultados que se obteriam se se
inquirisse toda a gente. Mas por um custo muitas vezes
inferior à operação do recenseamento.
Nos inquéritos conduzidos por empresas não há obrigação
legal de resposta por parte dos cidadãos. Mas em geral, como
puderam perceber pela experiência que já tiveram, as pessoas
em Portugal colaboram. O que não significa que não estejam a
aceitar sujeitar-se a baias de entendimento impostas pelos
inquiridos.
Na verdade, como disse um aluno, pergunta-se sobre
criminosos quando há, do ponto de vista moral e prático,
diferenças abissais entre um homicida ou um violador e um
crime de colarinho branco ou um condutor sem carta. No
questionário é imposto às pessoas perguntas incompletas e
pouco claras, mas com vários sentidos possíveis na sua
interpretação.
Esses são limites do método aplicado. A juntar ao facto de
estarmos a perguntar às pessoas o que querem dizer sobre um
assunto, para depois deduzirmos na análise que elas pensam o
que disseram e que o fazem sempre e em qualquer
circunstância e que esses pensamentos conduzem a sua acção.
Todos estes pressupostos não são demonstráveis. Mas, ao
mesmo tempo, a análise sociológica não procura estudar a
consciência individual. Procura perscrutar a consciência
colectiva através da voz dos inquiridos. Isto é, o que
obtemos nos dados dos inquéritos são reacções das pessoas
perante certas perguntas e certas opções de resposta muito
limitadas, conforme imaginam que publicamente as pessoas em
geral se devem comportar. Na verdade, quando as pessoas
inquiridas mentem propositadamente ou não colaboram com o
inquérito, essa informação é integrada no próprio inquérito.
E serve de dado para análise.
No nosso caso, o facto de haver mais de 10% de respostas que
reagem de forma estranha às perguntas de resposta mais
consensuais (com menos respostas neutras) – como os que
dizem que os criminosos não devem ser tratados como pessoas
ou os outros que dizem que não devem ser condenados – deve
levar-nos a pensar que significado tais respostas poderão
ter, do ponto de vista da sociologia que queremos fazer,
isto é dos critérios de justiça e das contradições do Estado
face à finalidade de reinserção social dos ex-reclusos.
Estatística é a ciência do Estado, para saber quantas
pessoas podem contribuir para os impostos. Os serviços que
desenvolvem essa ciência estão actualmente sediados nos INE
(Institutos Nacionais de Estatística) dos diferentes países.
A UE tem o Eurostat que coordena a informação estatística a
nível da região, com base nos dados produzidos
nacionalmente. Desde 1860 que os Congressos Mundiais de
Estatística coordenam – em torno da ONU, nomeadamente – os
critérios científicos mais adequados a cada momento e às
necessidades de informação estatal. Por exemplo, as contas
nacionais (das quais o principal indicador é Produto Interno
Bruto). Por exemplo, falta, segundo Joseph E. Stiglitz,
Amartya Sen, Jean-Paul Fitoussi
http://www.stiglitz-sen-fitoussi.fr/en/index.htm,
estatísticas sobre a pegada ecológica e os rendimentos das
famílias para que o Estado possa cumprir aquilo que eles
entendem ser as suas responsabilidades.
aula 2
21
Apresentação do lugar do inquérito por questionário no
programa de estudos de sociologia
Verificado o facto de a generalidade dos alunos não estar a
par do conteúdo da cadeira, informou-se que por métodos
extensivos nos referimos ao inquérito por questionário. Este
distingue-se de outros inquéritos, classificados como
intensivos, a tratar no próximo semestre, por serem
tipicamente industrializados. Na prática, são empresas de
sondagens e inquéritos quem responde às encomendas
profissionais. Mais dificilmente se encomendam trabalhos de
aplicação de métodos intensivos, pois neste caso a maior
parte da informação útil é recolhida directa e informalmente
pelo inquiridor. Isto é, a divisão de trabalho entre
investigador e inquiridor ocorre geralmente na produção dos
inquéritos por questionário, mas não ocorre - não é
produtiva - nos inquéritos que usam técnicas classificadas
como intensivas.
O prestígio dos inquéritos, quanto ao rigor técnico e
potencial científico, é exagerado e injustificado na sua
comparação com o rigor técnico e, sobretudo, o potencial
científico dos métodos intensivos. Isso decorrerá, por
exemplo, do prestígio da indústria relativamente ao
artesanato. Mas também pelo endeusamento - que urge combater
- dos números, como hiper-realidade mais real que a própria
realidade observada. O que se ancora na forma de entrada da
ciência na cultura humana, nomeadamente pelo facto de Deus
ex machina criada por Newton ao descobrir a lei da
gravitação universal.
A teoria social concentra a sua atenção em três autores
erigidos como patronos da sociologia. Esse património deve
ser valorizado, até porque também serve para contar a breve
história da disciplina, nomeadamente da sua migração dos EUA
para a Europa no pós-guerra e, também, as preferências
teóricas que dividem marxistas e estrutural-funcionalistas,
os que conciliam as duas tendências anteriores, uns
enfatizando a estrutura e outros os funcionamentos
institucionais - geralmente em detrimento das contribuições
de Durkheim, abandonado no campo do estudos das
delinquências ou das práticas legais.
A celebridade destes três autores permite, logo no primeiro
ano da licenciatura, organizar um caso de estudo na aula: de
que autor gostam mais os presentes? No caso registaram-se 10
votos em Durkheim, 4 em Weber, 2 em Marx e 3 abstenções.
O estudo do caso permitiu referir a natureza distinta entre
as intenções e a qualidade subjectiva da participação dos
inquiridos e o uso sociológico que se faz dos dados.
Permitiu ainda comparar a gosto pelo Marx nos anos 80, com o
actual gosto por Durklheim. E inquirir aos estudantes que
tipo de raciocínio estaria envolvido na estrutura da
explicação histórica enunciada: o método comparativo,
definido e usado por Durkheim em O Suicídio como o método
mais excelente.
Novo estudo de caso mais complexo e extenso foi apresentado,
tomando por referência o estudo do docente sobre "critérios
de justiça e penas", estudo a que os alunos foram convidados
a juntarem-se, através da produção de dados através de
inquérito, conforme tarefas definidas para serem realizadas
durante a semana.
aula 1
20
Apresentação do docente
Apresentação do site pessoal e das diversas actividades aí
espelhadas, nomeadamente o acesso ao site da cadeira |